28 de setembro de 2016

INTUIÇÃO, A VOZ DO INCONSCIENTE

Podemos comparar o inconsciente a um potente gravador onde são guardadas todas as experiências desde o nascimento. É o porão do nosso psiquismo, no qual tudo fica arquivado, ainda que não saibamos. Pode-se comparar o nosso inconsciente ao um “iceberg” (montanha de gelo polar), do qual só uma décima parte emerge acima do nível do mar e nove décimos ficam submersos na água. A décima parte emergente significa o nosso consciente, ao passo que o bloco mergulhado no mar representa o nosso inconsciente. Em circunstâncias especiais (nos sonhos, sugestões sensitivas, delírios e transes), perdemos o controle que exercemos sobre nós mesmos para sermos a personalidade que desejamos, então vem à tona algo do nosso inconsciente, que nos leva a sentir coisas estranhas e inexplicáveis.

Certa vez um amigo me contou que perdeu um canivete de estimação. Após tê-lo procurado com afinco, mas em vão, resolveu esquecer o problema. Tal foi à atitude consciente desse amigo, que seu inconsciente continuou a querer descobrir o canivete, de modo que o inconsciente ficou alerta. Porém, seis meses depois, ele começou a sonhar que usava uma calça velha, abandonada desde muito tempo e que lá se encontrava o canivete de estimação que seu avo havia lhe presenteado. No dia seguinte ao levantar quis testar a veracidade do sonho e saiu à procura da calça velha guardada numa gaveta do armário, pois a muito não a usava. Grande foi seu espanto, pois o canivete se encontrava guardado no bolso dessa calça velha, como realmente havia sonhado. Todavia, o privilégio foi do inconsciente que conseguiu detectar e localizar onde se encontrava o tal canivete. Pois como dissemos o inconsciente grava tudo e não deixa escapar nada do seu arquivo confidencial. Quando menos espera ele nos revela aquilo que procuramos ou sonhamos.

No entanto, durante o sono o inconsciente pode nos ajudar a descobrir coisas perdidas, assim como revelar situações de conflitos sem que tenhamos a menor ideia que estejam ocorrendo em nossas vidas. Está provado que o nosso inconsciente é muito mais sábio e hábil, chega a ser muitas vezes mais genial que o próprio consciente. Há pessoas que ao ser induzida no sono hipnótico ou em estado de sonambulismo, são capazes de fazer o que nunca fariam em estado consciente. Como afirma o escritor francês Jean de La Fontaine (1621-1695), filósofo e escritor francês Étienne Bonnot de Condillac (1715-1780) e o filósofo iluminista francês Voltaire (1694-1778), reconheceram que vários de seus escritos foram redigidos primeiro na sua cabeça enquanto dormiam. O mesmo aconteceu com o poeta alemão Goethe (1749-1832), que escreveu grande parte de seus trabalhos em estado de sonambulismo. Conta-se que o compositor austríaco Mozart (1756-1791) ouvia suas músicas antes de compô-las. O grande pesquisador alemão Carl Duisberg (1861-1935), químico da fábrica de corante Bayer, “descobriu” durante o sono um novo corante, que posto no mercado, rendeu milhões de euros a firma. O cineasta francês Francis Fehr (1935) afirma que os sábios mais produtivos realizam 75 a 100 por centos de suas descobertas e invenções durante o sono. Muitas histórias que viraram clássicos no cinema nasceram intuitivamente.

Portanto, a civilização ocidental faz com que as pessoas rejeitem e neguem o inconsciente e a intuição, como se ela não tivesse um papel fundamental para o nosso conhecimento indutivo. Como está demonstrado acima que as grandes descobertas da humanidade se deram ao acaso, isto é, primeiro passaram por esse processo indutivo para chegar ao dedutivo. Assim como a razão acessa o nosso disco rígido interno, a intuição movida pelo inconsciente nos da à possibilidade, através do mundo quântico, de acessar o nosso universo intimo. Ninguém é de fato criador de ideias, mas aqueles que podem ser considerados seres criativos, nas diversas áreas de expressão, e aí incluo ideias filosóficas, literárias e artísticas, em verdade, os que acessam estes e outros universos mais facilmente são pessoas iluminadas. Pois, elas nos levam ao encontro com a divindade. Contudo, a energia que permeia nosso mundo mental está tão disponível quanto à energia do sol que aí está à disposição de quem quiser dela desfrutar. Nosso inconsciente é um gênio que carregamos sem saber. E a intuição é uma voz em nós, que quase nunca ouvimos.  

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