23 de setembro de 2016

ENVELHECER COM SABEDORIA

Vivemos uma grande transformação de costumes, a começar pela liberdade de ser e de se exprimir. Novos paradigmas estão surgindo, como a espiritualidade, o autoconhecimento, o afeto e o prazer pela vida. Somente nos últimos trinta anos, começamos a aceitar a nossa sexualidade, assim como aceitamos com mais naturalidade a ideia do envelhecimento. Quero indicar aqui aspectos que configuram o processo de envelhecimento na sociedade atual. Alguns estudos vêm mostrando que a idade cronológica não é a única forma de mensurar o processo de envelhecimento, sendo este uma interação de fatores complexos que apresentam uma influência variável sobre o indivíduo e que podem contribuir para a variação das intempéries da passagem do tempo. De modo que, biologicamente, os eventos ocorrem ao longo de certo período, mas não necessariamente o tempo é a causa destes eventos.
Naturalmente, percebe-se uma proliferação dos termos utilizados para se referir às pessoas que já viveram mais tempo, ou seja, aquela fase da vida chamada apenas de velhice. Entre os termos mais comuns estão: “a terceira idade, melhor idade, adulto maduro, idoso, velho, meia-idade, maturidade, idade maior e idade madura”. Há um grupo de pessoas mais velhas que resiste a ser chamada de velhas. A palavra velho soa muito mal, significa fora de moda, obsoleto e por aí afora. Nesta breve definição, percebemos vários sentidos da palavra velho como algo já ultrapassado, descartado, que não serve mais para nada. Sem falar dos termos usados para depreciar o idoso, há também a falta de respeito para com as pessoas de idade avançada. Diferente dos orientais que respeitam os idosos e os tratam como sinônimo de sabedoria.
Vale lembrar que a palavra terceira idade, atualmente tão usada, teve sua origem na França, na década de 1960, e era utilizada para descrever a idade em que a pessoa se aposentava. A primeira idade seria a infância, que traduziria uma ideia de improdutividade, mas com possibilidade de crescimento e esperança. Já a segunda idade seria a vida adulta, etapa produtiva. Na época em que a expressão terceira idade foi criada, procurou-se garantir a atividade das pessoas depois da aposentadoria, que ocorria na França quando as pessoas chegavam por volta dos 45 anos. Com o avanço contínuo da esperança de vida longa, a expressão “terceira idade” passou a designar a faixa etária intermediária, entre a vida adulta e a velhice. Todavia, o uso do termo terceira idade torna-se inadequado para descrever o grupo de pessoas com 60 anos ou mais, e traz ainda uma conotação negativa ao termo velhice, porque se compreende que quem está na terceira idade ainda não é considerado velho. Porque é uma criação recente no mundo ocidental.
Portanto, o fenômeno do envelhecimento populacional, marcante desse século empurrou a velhice para idades mais avançadas. De modo que, o uso de tantos termos e expressões tem por objetivo soar bem, mascarando o preconceito e negando a realidade. Se não houvesse preconceito, não seria necessário disfarçar nada por meio de palavras. Contudo, o fator determinante de um alto nível de qualidade de vida parece ser um convívio social positivo, próximo e estável. O lazer associado a atividades físicas e mentais estão diretamente relacionadas ao favorecimento da qualidade de vida. Além disso, o engajamento em atividades intelectuais é apontado como fator de prevenção. Todos podem envelhecer com qualidade, a receita é simples: cultive seus amigos e familiares, faça atividade física regularmente, cuide da sua saúde, estimule sua memória e preze sempre por sua felicidade e seu bem estar.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...