29 de outubro de 2014

A VISÃO DE UM POETA

Todas as pessoas querem viver. E o pior modo de viver é guerreando. Algumas vezes a guerra é inevitável. Mas nunca é bom. Bom mesmo é viver em paz. Nada melhor que acordar olhar a manhã e dizer a si mesmo: “Não há nada a temer. A vida é bela”. Nada pior do que estar na vida como um pesadelo em que a cada instante a morte gargalha. O mais baixo dos sentimentos humanos é o ódio. Não cria nada. Não traz felicidade, mas desgraça. Matar o filho do outro não faz reviver o teu irmão. Apenas gera mais ódio e fúria e mais luto em tua própria casa.

A inteligência existe para tornar o homem melhor. Para fazê-lo compreensivo e cordato. Para que se entenda com os outros homens. Com a inteligência distinguimos o justo do injusto. A inteligência nos ensina. Que todos os homens têm direito a seu chão, à sua pátria e à liberdade de governar a sua vida. Nenhuma força é capaz de apagar a injustiça e domar o injustiçado. O caminho da paz é o entendimento, jamais a imposição e o terror. Quem de fato desejaria um futuro de desgraças e morticínio? Só a besta fera.

O homem sonha com um futuro de paz e felicidade, que não nasce da violência, mas do diálogo. Todos os que se odeiam e se matam, alegam razões para isso. E ninguém os convencerá do contrário. Só chegarão a um acordo, quando se sentarem à mesa e disserem: “Esqueçamos as ofensas passadas”.

(Esse poema foi escrito em 2003 por Ferreira Gullar (1930), um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, Ferreira Gullar, hoje está com 84 anos, foi militante do Partido Comunista Brasileiro e, exilado pela ditadura militar, viveu na União Soviética, no Chile e na Argentina. Desiludiu-se do socialismo em todas as suas formas e hoje acha o capitalismo “invencível”. Em dez mil anos de história nunca tivemos um ano de paz na terra, é um ódio espantoso, um querendo destruir o outro, de maneira sórdida e covarde. Neste poema Ferreira Gullar faz menção a Israel e Palestina. Dois estado para dois povos que se odeiam).  

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