27 de agosto de 2012

UM FIO DE ESPERANÇA


No ser humano coexistem duas forças antagônicas, sendo que uma o leva a ser ele mesmo, que o leva a se libertar das amarras introjetadas na sua personalidade e a outra que o impulsiona a manter a sombra do opressor também introjetada. As alternativas que restam são expulsar de si o opressor ou então mantê-lo dentro de si, que significa continuar alienado. Todavia, essa contradição que existe dentro do oprimido faz com que ele tenha medo da liberdade e do mundo ai fora.

Entretanto, nós somos resultado, isto é, produto de diversos fatores familiares e sociais. A nossa personalidade não é algo que se tem estático, mas o que se constrói de bom para a nossa vida. Como argumenta o teólogo Leonardo Boff: “ninguém vale pelo que sabe, mas pelo que faz com aquilo que sabe”. 

Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso e honesto, foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino. Por conseguinte, alguém no reino teve a idéia, desde o primeiro momento de se procurar alguém do povo para ser o “bode expiatório”, expressão usada quando alguém acaba pagando pelo que não fez. Que não deixa de ser uma idéia maquiavélica da classe dominante, que é mestre em justificar os fins sem se preocupar com os meios para alcançá-lo. Na verdade, era preciso acobertar o verdadeiro assassino.

No dia seguinte o homem foi levado ao julgamento, pressentindo o resultado e que seria injustamente condenado e levado a forca perante os seus algozes. Pois ele sabia que tudo seria feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo da corte.

O juiz que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência. Disse o juiz: “sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos de Deus; vou escrever num pedaço de papel a palavra inocente e no outro pedaço a palavra culpado. Você sorteará um dos papeis e aquele que sair será o veredicto”. Deus decidirá o seu destino, determinou o juiz.

Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papeis, mas em ambos escreveu culpado de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída jeitosa para esse pobre inocente.

O juiz colocou os dois papeis sobre a mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e pressentindo que sua morte já estava decretada, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papeis e rapidamente colocou na boca e engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem. Logo veio a pergunta: “Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber qual o seu veredicto?” “É muito fácil”, respondeu o homem. “Basta olhar o outro pedaço de papel que sobrou e saberemos que acabei engolindo o contrário”. Imediatamente o homem foi libertado.

Portanto, por mais difícil que seja uma situação, não deixemos de acreditar até o ultimo momento. Saiba que para qualquer problema há sempre uma saída. Não podemos desistir e nem se deixar derrotar. Tudo na natureza age segundo leis, afirmava o filósofo alemão Immanuel Kant. Para ele só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis. Só o ser humano tem uma vontade que Kant chama de razão prática. Enfim, quem quer ver para crer, apenas espera acontecer. Quem crê para ver, faz acontecer.     

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