25 de agosto de 2012

A CONSCIÊNCIA DO TEMPO E DA EXISTÊNCIA

É muito comum dizer que o tempo passa e temos que aproveitar a cada minuto da vida. Mas, afinal o que é o tempo? Por que ele passa? Como ele passa? Talvez usamos essa metáfora, para fugir da ideia de que nós é que passamos, envelhecemos e morremos. Despistamos nossa consciência para a ideia de que é o tempo que passa. Comemoramos aniversários, natal e passagem de ano. Fazemos festa e trocamos presentes como que para exorcizar de nós a ideia de enfermidade da vida, como que para enganar-nos com a ideia de que é o tempo que está passando.

Entretanto, parece que temos medo de alguma coisa. É assim que sabemos que gostamos das coisas que a vida nos oferece, porque temos medo de perdê-las. Mas existem pessoas que sofrem de fixação neurótica, não consegue desprender do passado, atualizar a vida de forma positiva, alimenta-se com a dor do passado. Tem baixa tolerância a frustração e tornam-se pessoas amargas e rancorosas. Quer sempre ter razão ou invés de querer ser feliz. Acreditar faz a gente inventar um mundo novo, ter esperança e viver com alegria dentro do tempo que nos resta.

Santo Agostinho argumenta: “se ninguém me perguntar o que é o tempo, eu sei o que ele é; mas se me fizerem a pergunta e eu quiser explicar o que o tempo é já não saberei o que dizer”. Ele considerava o tempo de um ponto de vista psicológico. No entanto, só podemos afirmar sobre um tempo longo ou curto, tendo como referencial passado e futuro. Mas como falar do tempo longo ou curto se ele não existe? Todavia, o passado não existe mais e o futuro ainda não existe. Só podemos dizer que o passado foi longo e que o futuro poderá ser longo.

Para Santo Agostinho o tempo é considerado ontologicamente como algo em si mesmo, e eterno, indivisível, imóvel, que não passa. Só que o tempo em si mesmo o ser humano não tem acesso. Por isso é necessário estudarmos o tempo de um ponto de vida psicológico, isto é, o tempo tal como é dado ao ser humano percebê-lo com suas possibilidades mentais.

Santo Agostinho antecipa-se a Freud em mais ou menos uns quinze séculos, pois o pai da psicanálise afirmou no começo do século vinte, que o inconsciente desconhece divisões de tempo que apontem para o passado. Para Freud o que está no inconsciente está em estado permanente de presente e, é justamente porque não passou que segue atormentando nossa vida consciente. E mais ainda, que para o nível consciente o futuro não passa de uma necessidade de projeto que de vazão ao nosso instinto de eternidade ou de eternizar a vida.

Portanto, o que norteia a nossa vida é o presente, a existência resultante da nossa representação psíquica do que chamamos tempo. Esta realidade complexa chamada tempo é da maior importância para a compreensão da vida. Como argumenta Martin Heidegger, “o tempo é o próprio tecido da existência”, pois o ser humano ocupa um lugar no espaço e define sua realidade no fluir do tempo. Assim sendo, torna-se de todo indispensável que examinemos as modalidades que a realidade tempo assume na construção do nosso existir. Para nós o tempo não pode ser mais do que aquilo que nos é dado apreender de sua existência. Como diz o provérbio chinês: “o passado é história, o futuro é um mistério e o hoje é uma dádiva, por isso que se chama presente”.       

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