30 de maio de 2021

O AMOR É O QUE NOS FAZ PENSAR

O amor está presente no nascimento da filosofia. No período clássico da Grécia Antiga, o amor é uma das questões mais importantes. Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor. O amor é o que nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento. Quando estamos encantados por uma pessoa ela torna-se o nosso Guru. Quando juntos sentimo-nos iluminado. Sua presença nos acende, produzindo um brilho intenso. No entanto, para os filósofos antigos, o amor não era uma palavra complexa, mas três palavras que determinava a complexidade deste sentimento: “Eros, Philia e Ágape”. Cada uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a própria palavra contida no verbo amar. O sentimento nunca é simples, a palavra que o batiza também não o é.

Todavia, o amor pode ser pensado como a capacidade humana do enlace, da união, da relação com a vida, a natureza, a espécie humana, com uma causa privada ou pública; como no famoso texto de “Coríntios 13”, o amor pode ser a capacidade de tudo aceitar, esperar e suportar, ou o que, no “Evangelho de João”, deveríamos oferecer uns aos outros junto com nossas vidas, se fôssemos verdadeiramente amigos, se aceitássemos a ideia de que o amor é um mandamento. Como para o existencialista, filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855), que no século XIX, escreveu “As Obras do Amor”, para quem o amor poderia ser um pleno cumprimento da lei, uma questão de consciência.

Portanto, o amor é amor pelos outros (a caridade cristã, Ágape em grego): amor sem interesses. Quase nem nos parece amor. Não sabemos pressentir ou desfrutar do amor no silêncio do outro. Há um diálogo espiritual que não percebemos. Não aprendemos a viver com essa definição. Contudo, encerro essa reflexão com um provérbio chinês que preconiza o amor para além da filosofia: “O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva, por isso que se chama presente”.

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