14 de dezembro de 2019

EXAMINANDO A VIDA À LUZ DA FILOSOFIA

Só escrevo por uma razão muito simples. Escrevo para compreender alguma coisa do mundo e da vida. Escrevo como se tivesse uma necessidade de explicar porque as relações humanas se encontram tão enferma. Como educador, não posso fazer nada que venha a envergonhar a criança que já fui um dia. As palavras contidas nos meus textos estão sempre ali à espera de uma voz que as ressuscitem, que as despertem. As palavras estão nos textos para ser acordadas e melhor utilizadas. De modo que, a gênese da filosofia é antes de tudo discutir a vida. Uma vida que não é examinada não merece ser vivida, como já dizia o grande filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.).

No entanto, sinto que sou movido por uma força sobrenatural do pensamento, que me arrasta para um abismo de compaixão por aqueles, que assim como eu, também carrega uma centelha de humanismo. Existem pessoas andando por aí sem rumo, falando de morte, desespero, dor e sofrimento. Portanto, somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos. Sem responsabilidade talvez não mereçamos existir. Porém, dentro de cada um de nós há uma coisa que não tem nome e essa coisa é o que somos.

Acredito que só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. A capacidade de sentir amor faz a pessoa melhorar como ser humano. De modo que a minha relação com os meus leitores são de estima literária. Mas, também tenho razão de sobra para pensar, que pode ser uma relação de estima pessoal. Gosto de gente e gosto de olhar nos olhos das pessoas. Isto implica de certa forma, uma enorme responsabilidade de nunca decepcioná-las. Quando encontro alguém que leu alguns dos meus livros ou lê o meu Blog, ao olhar para essa pessoa, sinto uma emoção que não pode ser traduzida em palavras. Neste momento digo a mim mesmo. Faça alguma coisa que sirva para alguma coisa, que seja útil para alguém. É por isso que escrevo, para ajudar as pessoas sair de dentro da caverna.

Para o filósofo grego Platão (427-347), considerado um dos pilares do pensamento ocidental. A sua maior contribuição na filosofia nos foi apresentado no texto “O Mito da Caverna”. Ele argumentava que uma grande parcela da humanidade se encontrava prisioneira da caverna. Isto foi dito a mais de 23 séculos. Platão criou essa alegoria da caverna, para explicar a evolução do processo do conhecimento, que mostra pessoas presas, acorrentadas olhando em frente para uma parede e vendo sombras e acreditando que isto seja a realidade. Agora entendo o que Platão queria nos ensinar com o Mito da Caverna. Nunca vivemos tanto na caverna como estamos vivendo hoje. As próprias imagens que nos mostram a realidade são apresentadas de tal maneira, que substituem a própria realidade. Vivemos num mundo de imagem, audiovisual, com as pessoas aprisionadas e alienadas como na caverna. Temos a nítida ilusão que isto seja à realidade.

Falta-nos consciência do existir e significado de uma vivência digna. Como argumenta a escritora e educadora Adélia Prado (1935): “não quero faca e nem queijo, quero é fome”. Este silogismo é de um princípio pedagógico fantástico, porque põe em evidência a nossa educação. O leitor pode estar se perguntando o que a educação tem a ver com essa frase. Tem tudo a ver! Se tiver faca e queijo, e não tiver fome, ninguém come. Agora, se quiser comer queijo e não tiver faca e nem queijo, damos um jeito e arrumamos o queijo e faca. Contudo, conclui-se que a educação é faca e o queijo que está sendo oferecido. Aproveitando a metáfora, cabe ao professor despertar no aluno o apetite. Gosto muito desse escritor francês renascentista do século XVI François Rabelais (1494-1553), que escreveu esta frase lapidar: “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam”. Tem coisas na vida que é melhor começar cedo, antes que seja tarde.

Portanto, encerro esta reflexão com uma mensagem de otimismo e esperança, que foi proferida por um pastor protestante e ativista político estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes mundial do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo, com a campanha da não violência e de amor ao próximo. Por esse seu trabalho em prol da paz, no dia 14 de outubro de 1964, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelo combate à desigualdade racial através da não violência. Por capricho do destino, ele morreu assassinado faltando alguns meses para completar dois anos do prêmio máximo pela paz, exatamente, no dia 04 de abril de 1968 nos Estados Unidos. Estou falando de Martin Luther King, que deixou essa frase lapidar gravada a fogo e a ferro, no coração de todos os brancos e negros estadunidense: “Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser. Mas, graças a Deus; não somos o que éramos”.     

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