23 de março de 2019

QUANDO O AMOR SAI DE CENA

Por incrível que pareça, ainda acredito no amor como salvação da humanidade. Quando o amor é verdadeiro, nunca se esgota. Ele pode sair de cena por um tempo, mas, sempre volta. Principalmente para aqueles que têm o dom de amar. Que são poucos os privilegiados e receptivos ao amor. No entanto, quando o amor sai de cena, a relação conjugal vira uma cadeia fria, uma vida marcada de obrigações. Afinal, a ideia que se faz do casamento é que ele dure para sempre, o que não é verdade. As pessoas com o tempo não percebe mais o outro, não percebem mais essa relação. Estudos sobre as relações conjugais vêm mostrando, que o amor está cada vez mais escasso nos casamentos. As pessoas estão vivendo uma vida sem sentido, sem graça e vazia. Pois, vida monótona produz doenças. Pessoas, principalmente, depois de algum tempo de casadas, não percebe mais o outro ao seu lado. Tem dificuldade, por exemplo, de dizer um ao outro: “agora não te amo mais”. Conheço histórias em que os cônjuges levaram anos para se convencer de que não estavam mais interessados um no outro.
No entanto, o ideal nesses casos, pelo menos é o que penso, seria dizer um ao outro: “Olha, acho que não estou mais interessado em você. O encantamento e o carinho estão diminuindo muito entre nós. Já estamos algum tempo juntos, temos patrimônio, filhos, costumes, etc. Que tal esquecermos que somos marido e mulher, que temos que se amar a vida inteira. Talvez conseguíssemos estabelecer uma meia sociedade entre nós, um clima de amizade e respeito pela individualidade um do outro, que seria um fruto amadurecido do amor que saiu de cena. Não quero que você fique privado de amor até o fim da vida. Assim como também, não vou me privar de amor. Temos pelo menos um bom pedaço de vida em comum, uma amizade razoável de boa qualidade. Podemos continuar amigos, porém, vamos abrir o casamento”. Quando se diz isto, as pessoas ficam de cabelo em pé. Aflora todo o preconceito e os maus sentimentos vêm juntos.
Entretanto, preferem toda aquela novela da separação, dos filhos que vão sofrer e a sogra que não quer a separação, porque acha que a filha está bem casada e o drama do ciúme. Deveriam chegar a conclusões mais claras e óbvias. Afinal, se deixei de amar, agora tenho que odiar ou perseguir? Ou então me sentir culpado porque o amor entre nós esfriou? Ninguém é culpado porque ama ou porque deixou de amar. Se cuidar bem do amor, às vezes ele dura um bom tempo. Se não cuidar ele acaba mais ou menos depressa. As pessoas realmente se machucam por pouco. Por que não resolver as coisas com maturidade, serenidade, abrindo o coração um para o outro? Ninguém pode garantir que vai amar o outro a vida inteira. Quem pode fazer esta promessa? Se o interesse entre duas pessoas acabou, nem por isso precisa se maltratar. É o que muitos casais começam a fazer. Quando chega a este ponto, pensa logo na existência de outra pessoa. Às vezes têm e às vezes não têm. Não precisa existir outra pessoa para deixar de amar. O amor pode simplesmente sair de cena em situações variadas.
Portanto, o nosso amor é uma miséria, marcado pelo egoísmo e achamos que é um grande amor. Um amor que só serve para machucar e prejudicar o outro, com discussões intermináveis e pouco diálogo. Somos egoístas até no momento de amar. Esquecemos que o amor é doação, um entregar-se constante. Quando o amor sai de cena, só é possível compensar a situação com diálogo e muita vontade de se entender. Havendo um pouco de admiração, simpatia e afeição, já temos aqui uma relação de boa qualidade, afável e acolhedora, que é um bom começo para se viver num clima de respeito e harmonia. Não precisa, necessariamente, ter que amar a mesma pessoa a vida inteira. Porque o amor vai e volta. Amor eterno só existe no mundo das ideias, de que fala o filósofo grego Platão (427 a.C.-347 a.C.). Contudo, o amor está sempre saindo de cena e sempre voltando para a felicidade humana. O amor cura, o ódio mata; nunca odeia, ame e verá que a vida flui como água cristalina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...