13 de dezembro de 2018

APRENDENDO COM O CORAÇÃO

Parece que as pessoas estão se esquecendo de que as relações humanas precisam ser nutridas e cultivadas todos os dias para continuar vivas. O que me parece não é uma tarefa impossível, pois há de se praticar os exercícios naturais de constantes carícias como abraços, palavras carinhosas de incentivo e aceitação do outro. Porém, carícia significa toda manifestação humana física, verbal ou gestual que transmita a outra pessoa uma sensação de bem estar, aceitação e reconhecimento. Uma manifestação que demonstre o quanto aquela pessoa é importante para nós. Melhor do que falar sobre carícia é recebê-las ou praticá-las.

Segundo o filósofo e psiquiatra canadense Eric Berne (1910-1970), criador da “Análise Transacional”, ele acredita que exista na nossa estrutura corporal uma cadeia biológica que leva da privação emocional e sensorial a mudanças degenerativas e até a morte por causa da apatia. Neste sentido, a fome de contato físico, de abraço e de aconchego tem a mesma relação com a sobrevivência de um organismo humano quanto à fome de alimento. No livro “O Tocar”, do antropólogo e humanista inglês Ashley Montagu, nos mostra o fantástico valor psicológico, afetivo e social do contato físico. Ele pouco fala de sexo. Fala de envolvência, carinho e contato como ações que estimulam a idade vital. O melhor estímulo conhecido para a defesa do sistema imunológico são as trocas de carícias bem feitas e bem recebidas.

No entanto, as pessoas estão cada vez mais se tornando apáticas. O diálogo de boa qualidade não existe mais, está escasso. Os nossos gestos de carinhos são estereotipados, tornam-se gestos vazios, feito automaticamente, meio robotizado, sem nenhuma conexão com o outro. É como se eu não tivesse presente. Mesmo o trabalho de uma parcela na educação é gelado, frio, somos indiferentes, mantemos uma relação de blindagem com os alunos. Temos a coragem de chamar essa linha de ensino de aprendizagem de educação, assim como chamamos a restrição da espontaneidade do aluno de educação. Por tudo isso é que acredito no poder do calor humano e na manifestação do coração através do contato físico e nas trocas de carícias. Não ficar apenas na intenção e na vontade de ser gentil.

Portanto, sempre que possível realçar verbalmente as qualidades do outro, pois esse é um comportamento lícito para que se concretizem as diversas manifestações de carícias. De dizer ao outro que está encantado e que é muito bom estar juntos, quando isto for verdadeiro, do coração, faz-se necessário que haja a fala informando a sua intenção, valido para todos os seguimentos sociais. Assim é nas relações, como na vida em geral, muitas coisas se perdem por não expressar ou pedir naquele momento em que há o envolvimento de um pelo outro. Nós humanos somos imperfeitos por natureza, não somos melhores e nem piores que o outro. Olhar o lado bom do outro, antes de perder energia em lamentar ou criticar o que é preciso mudar. Criar e recriar sempre e continuadamente novas sensações, novas emoções, novas manifestações de carícias através de uma expressão simples de afeto, como carinho, ternura, compaixão e companheirismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...