11 de fevereiro de 2018

O DOM DA AMIZADE ESTÁ EM PRESERVÁ-LA

Sempre achei que o amor era uma amizade constituída, mas com o tempo, compreendi que amor e amizade são sentimentos distintos. Nem todas as amizades convergem em amor, assim como também, nem todo o amor presumivelmente, desperta com a amizade. O amor surge onde menos se espera. Porque o amor é um evento espiritual e raramente ele nos surpreende. Tendo em vista, a dificuldade que as pessoas têm com o relacionamento. Ficamos sempre com a imagem que temos do outro. Captamos essa imagem e passamos apreciar o que gostamos na pessoa. De modo que, esta pessoa passa uma vida inteira tentando manter a imagem para que gostem dela. Contudo, confundimos apego com amizade. Não nascemos para viver essas concessões. No entanto, o apego não é amizade e sim dependência doentia. Cria-se uma imagem do outro e morre por ela, jurando-lhe amor e lealdade.

Ao descartar essa imagem criada, não conhecemos mais quem é a pessoa que está ao nosso lado. Atualmente tornou-se fácil dispensar as pessoas. Até parece que os sentimentos de amizades perderam a validade. No entanto, a amizade é uma palavra que está quase perdendo o sentido na nossa cultura. Porém, o poeta enxerga na amizade, a mesma beleza que vê na natureza. De modo que, quando o poeta contempla a beleza, ele está em comunhão com o mistério da vida. Neste instante estabelece uma amizade solidária com sua circunstância. Para muitos a beleza está na natureza das amizades, isto é, a beleza é a face visível de Deus. Cada ser humano é a linguagem de Deus. A amizade está estampada na natureza de tudo àquilo que apreciamos como belo.

A dor maior está em despedir-se de uma amizade sincera, depois de ter passado por um longo tempo juntos. Lembrar que passamos vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas. Não faltaram os grandes obstáculos, frequentes foram às cercas, ajudando a transpor abismos. As subidas e descidas foram realidades sempre presentes. Juntos nessa amizade, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos cidades que não conhecíamos. Chegou o momento de cada um seguir a viagem sozinho. É melhor ser verdadeiro e solitário, do que viver em falsidade e estar sempre acompanhado de amizades supostamente pejorativas. Porém, que as experiências compartilhadas no percurso até aqui, sejam alavancas para alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado.   

Portanto, a nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro aos que, por vários motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos. O nosso agradecimento àqueles que, mesmo de fora, mas sempre presentes, nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos. Dividam conosco os méritos desta conquista, porque ela também pertence a muitos que estiveram ao nosso lado. Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez. Porque a amizade sincera é como ímã, vamos sempre nos sentir atraídos, há sempre um eterno reencontro. Contudo, vivi essa experiência ao escrever a biografia: “História de Maria, Uma Filha de Maria”, resgatei e reencontrei amigos, ampliei o meu baluarte de amizades. Sem pensar conquistei o mundo e construí um pequeno lugar, deixando brilhar uma estrelinha no coração de cada amizade. Estrelinhas felizes e sensíveis, calorosas e repletas de ternuras. Mas, estava presente em todos os lugares por onde passei. O dom da amizade está em preservá-la. Foi assim, que descobri o verdadeiro dom da amizade.  

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