8 de novembro de 2015

MEDITAÇÕES METAFÍSICAS DE RENÉ DESCASTES

O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai da filosofia moderna, foi o principal representante do racionalismo no século XVII. Por conseguinte, tem como ponto de partida a busca de uma verdade que não possa ser posta em dúvida. Descontente com os erros e ilusões dos sentidos, procura o fundamento do verdadeiro conhecimento. Tendo em vista a dúvida como um método do pensamento rigoroso.

Todavia, ele começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo. Só é interrompida essa cadeia de dúvida diante do seu próprio ser que duvida. Se eu duvido, eu penso; se penso, logo existo.

As meditações metafísicas de Descartes têm como objetivo comprovar a objetividade do conhecimento científico. Partindo dessa intuição primeira e incontestável, ele distinguiu os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas. Dado a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e ideias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras. São essas opiniões que emitimos, tão forte e poderosa que ofusca o nosso intelecto.

Para Descartes, o erro situa-se no conhecimento sensível, de maneira que o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, isto é, fundado apenas nas operações do intelecto ou entendimento e tem como ponto de partida as ideias inatas ou observações que foram inteiramente controladas pelo pensamento. São as ideias inatas, verdadeiras, não sujeitas a erro, pois vêm da razão, independentes das ideias que vêm de fora, formadas pela ação dos sentidos.

Segundo Descartes, o pensamento sobre Deus é a ideia de um ser perfeito; se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência, senão lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe. Se Deus existe e é infinitamente perfeito, não posso me enganar. Argumenta Descartes que a existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por ideias claras e distintas são reais. Descartes concluiu que o mundo é uma realidade. E, dentre as coisas do mundo, o meu próprio corpo existe.

Descartes argumentava também de certa preguiça que o arrastava diante desse desígnio árduo e trabalhoso, como um escravo que gozava de uma liberdade imaginária e logo suspeitava que essa liberdade era apenas um sonho e temia ser despertado, pois, preferia essa ilusão agradável para ser mais longamente enganado. Em vez de propiciar a clareza do conhecimento e da verdade.

Ora, considerando que todos os pensamentos que temos quando em vigília, nos podem também ocorrer quando dormimos. Sendo assim Descartes julgou que a verdade: eu penso, logo existo era tão certa que todas as demais suposições não seriam capaz de abalá-la, e que podia aceitá-la como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.

Portanto, partindo dessa premissa conclui-se que a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que o corpo, e, ainda que este nada fosse à alma, não deixaria de ser tudo o que é. Lembrando que Descartes não era cético; não recomendava a dúvida por causa da dúvida, mas sim, como meio preliminar para investigar a verdade. Ele recomendava a seus discípulos que sejam cem por cento não dogmáticos, não aceitando nada simplesmente porque fulano ou sicrano o disse, ou por ser de tradição e rotina geral. Contudo, só pode conhecer algo quem se põe como que em campo raso, sem nenhuma construção alheia à sua mente. 

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