10 de junho de 2015

PARA GOSTAR DE LER É SÓ COMEÇAR

O que proponho aqui é o desenvolvimento da leitura, seguida da produção textual, não tendo esta um fim em si mesma, mas como um meio eficaz de assimilação de conceitos e de conteúdos. E o que se aprende, por esforço próprio, nunca será esquecido. Na maioria das vezes, o estudante pensa que a habilidade prioritária para o estudo seja a leitura de textos, seguida da memorização de conceitos e de conteúdos. Ainda preso à mentalidade antiga do questionário, da memorização de perguntas e respostas, perde muitas oportunidades de desenvolver um salutar hábito que poderá utilizar durante toda a vida, seja qual for à área do conhecimento ou profissional que irá exercer.

Posso dizer com conhecimento de causa, que a leitura seguida da produção de texto, não é uma metodologia nova, e não se restringe ao ensino universitário. O estudante do ensino médio pode perfeitamente recorrer a esse método, bastando dominar mecanismo de leitura e de expressão escrita. Quantas vezes o aluno teve, por exemplo, que assistir a um filme e depois analisá-lo? O filme é um texto, é possível de ser comentado, analisado, resumido em seu enredo ou conteúdos, caso seja um documentário. Aquilo que o aluno assistiu pode ser passado para o papel, com suas próprias palavras. Quando um professor pede esse tipo de tarefa para seus alunos, seu objetivo deve ser o aprofundamento de determinado assunto ou conhecimento. Ou melhor, propor ao aluno que crie uma espécie de “diálogo” com o “texto” estudado. Assim, cada um terá consciência de que o saber é para ser partilhado, ele não está fechado e acabado em cada texto que se produz.

Por conseguinte, a produção de texto não pode ser encarada apenas como uma atividade das aulas de Filosofia ou de Língua Portuguesa e ficar restrita à composição textual que focalize um tema proposto. A partir do momento em que o aluno começa a escrever, com suas próprias palavras, as ideias principais que foram desenvolvidas no texto lido, focalizando os diferentes aspectos abordados, desdobrados em assuntos secundários, mas relacionados, pode-se tratar do resumo de um texto. Faz-se o mesmo, porém usando as palavras do próprio texto, pode ser então o seu fichamento. Em ambos os casos o aluno estaria recorrendo ao procedimento denominado síntese. Essas duas atividades colaboram muito no domínio de conteúdos e podem ser aplicadas não apenas a textos extraídos de livros, ou de enciclopédias, como também a reportagens de jornais e de revistas, páginas da internet etc. Referem-se a qualquer disciplina que o aluno faça na escola, como, por exemplo, em Educação Física, a partir do momento em que o aluno precisa obter melhores informações a respeito da modalidade esportiva que pratica. Essa produção de textos pode ser fruto de pesquisa e não deve ser confundida com relatório.

Para gostar de ler é preciso praticar, criar o hábito da leitura, com o intuito de obter informações. A partir do momento em que o aluno já o tenha adquirido tudo se torna mais fácil. Voltando a questão do filme a que o aluno assistiu e teve de analisar: será que já se surpreendeu ao ouvir o seu professor comentar que havia pedido para analisar o filme e não recontar a sua história? Isso mesmo! Contar o que se passou não é a mesma coisa que analisar os dados apresentados. Esse é um passo mais adiante, pois, além da compreensão do enredo, o aluno vai se posicionar diante do “texto”, aplicando a ele conceitos previamente conhecidos ou expondo ponto de vista pessoal a partir de elementos observados nesse mesmo texto. Isso é realizar a análise, pode se tratar de uma resenha. O que foi anteriormente exemplificado de um filme, pode ser aplicado a um livro de romance, a um conto, peça teatral, alguns eventos culturais, reportagens, até mesmo a partir da observação de uma tela de pintura artística ou de dados de uma pesquisa científica.

Portanto, as atividades de leitura e de escrita não são exercidas separadamente. Se for integrada uma a outra, ou seja, a todas as disciplinas que o aluno estuda, o ensino-aprendizagem se tornará mais ágil e eficaz. Ao mesmo tempo, o estudante participará ativamente no processo, crescendo com mais desenvoltura e espírito crítico, preparando-se para sua autonomia como ser pensante, que sabe discernir e fazer opções. Contudo, para nós educadores, é sempre um prazer irrevogável formar alunos leitores, pesquisadores e se possível alguns escritores.        

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