21 de abril de 2013

SABER ESCUTAR É COMPREENDER O OUTRO

Saber escutar é uma das mais importantes ferramentas de comunicação para compreender a circunstância dos fatos que envolvem as relações humanas. Se na verdade o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando com o outro, de cima para baixo, manipulando as pessoas, distorcendo os fatos, que vamos entender o ponto vista de cada um. Porém, o não escutar o outro estamos prontamente fechando a questão e encerrando o assunto, é como se fossemos os portadores da verdade. Aprender escutar denota prudência e conhecimento, é escutando que aprendemos a respeitar e falar com o outro na sua totalidade, tocando e estimulando a consciência. Somente quem escuta paciente e criticamente pode entender o que se passa numa relação entre pessoas. Saindo desse contexto, tudo mais são especulações e preconceitos, ou seja, são meras opiniões. Tendo em vista, que a filosofia antiga não tem as opiniões como base, somente os fatos.

Para citar Sócrates (469-399 a.C.) que era conhecido como o homem que sabia interrogar, pois, com uma simples frase ele definiu a razão das suas indagações: “Só sei que nada sei”. Um dos pontos fundamentais da filosofia socrática era o autoconhecimento. “Conheça-te a ti mesmo”, frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates aos seus discípulos. Só é capaz de escutar e compreender o outro quem começou a entender-se a si mesmo. A aceitação do outro supõe o fato de nos ter aceitado a nós mesmos. Compreender o outro não é uma tarefa fácil, porque indica uma mudança de perspectiva; não posso compreendo realmente se não compreender a partir das circunstâncias concretas em que está inserida determinada pessoa. A troca de papeis é fundamental para uma boa compreensão. Colocar-se no lugar do outro para entender o que ele busca e sente como ser humano.

A singularidade delimita cada pessoa em sua forma peculiar de ser, marcando suas possibilidades e limites. Implica não só na distinção de cada pessoa, mas, na expressão qualitativa de uma pessoa que se constitui como um ser único, original e irrepetível. Fazemos parte da mesma essência humanística, gozando por isto do anonimato próprio da espécie. A singularidade se encarrega de matizar a essência dando-lhe relevo e contorno próprio, pelos quais nos destacamos do resto dos humanos. Pela essência pertencemos a essa categoria humana e, pela singularidade é que somos diferentes e determinados, isto é, cada um é único. Agora só nos falta aprender a conviver com as diversidades da vida, com o diferente e respeitando cada um na sua individualidade.

Buscar com objetividade o conhecimento dos fatos, ou seja, observar o que realmente aconteceu não o que creio ou acho que tivesse ter acontecido. Esta objetividade considera a consulta de outras opiniões como fundamental, pois a segurança dogmática nos mostra diariamente, o quanto equivocamos no julgamento de pessoas e dos fatos que a cercam. A visão não restrita dos fatos é aceitar que a verdade é algo demasiadamente grande para ser patrimônio de uma só pessoa.
      
É triste constatar que atualmente as pessoas não conversam mais e quando há a possibilidade de diálogos abertos e francos, as pessoas mais se acusam e se agridem do que conversam. Sentem-se detentoras da verdade. Contudo, continuam a semear o ódio, a discórdia e a crueldade por onde passam. Esquecem que quando estamos diante de alguém, desenvolvemos uma relação amistosa com essa pessoa que poderá culminar num encantamento pela grandeza interior que ela nos possibilita conhecer. Esquecemos que somos seres desamparados quando estamos sozinhos. Quando penso muito numa pessoa, é porque ela está viva no meu coração, pois salvou minha vida da solidão. Agora encontrei razões para viver. Diz um provérbio chinês, que quando estou encantado ou apaixonado por alguém, a minha vida pertence a essa pessoa. Pode fazer de mim o que quiser, meu coração está tomado pelo encanto e magia dessa pessoa. Ela tornou-se o meu Guru. No entanto, as pessoas não percebem o que estão vendo ou sentindo, o que está diante dos seus olhos, pois se preocupam demais com o que não estão vendo.

Bem sabemos que as palavras “te amo”, infinitamente repetidas em todos os tempos, no mundo inteiro, todo momento tem alguém dizendo ao outro te amo. As pessoas não dão conta da dimensão espiritual que esse sentimento alcança. Porém, na maioria dos casos são apenas expressões provisórias e vazias de qualquer sentimento humano. Esquece que o amor na verdade, é fazer da própria vida um dom para a felicidade do outro. Porém, o amor que não se traduz num dom em si, torna-se apropriação indébita da vida alheia. Afirma-se como realidade oposta, como sublimação do próprio egoísmo que vive e se alimenta com a exploração dos sentimentos das pessoas.

Portanto, a melhor descrição que encontrei para esse tipo raro de sentimento ao meu semelhante está na Epístola de São Paulo aos Coríntios: l, 13: “O amor é paciência, o amor é bondade. Não tem inveja, não se vangloria, não é orgulhoso. O amor não é rude, não é egoísta, não se irrita facilmente, não guarda ressentimentos. Não se regozija com o mal, mas rejubila-se com a verdade. O amor sempre protege. Ele sempre confia, nunca perde a esperança, sempre persevera. O amor nunca erra”. Enfim, a maior felicidade do ser humano é ser justo. É um bem tão grande que os que praticam o mal são considerados psicopatas. Mas quem pratica o amor é iluminado.  

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