13 de abril de 2013

DA FLOR BROTA A ESPERANÇA

A flor simboliza a vida, que traz esperança e potencializa o amor que em nós desabrocha para o milagre da vida. Por outro lado, considerando que toda a mulher pode ser comparada a uma flor e que desta flor brota o amor que transforma em frutos e que ao amadurecer ele cai e após passar por um período, vem à semente da qual vai brotar outra arvore com novas flores e frutos. Contudo, o ciclo se perpetua e a vida segue seu curso naturalmente. A natureza detesta a igualdade, cada flor no campo é diferente e única, não existem duas rosas iguais, mesmo entre as de uma mesma variedade. No amor também funciona assim, ele surge como único. Quando descobrimos o amor, aceitamos esse desafio de caminhar de mãos dadas tomados por essa paixão. Agora somos Tu e Eu, juntos sofremos e juntos existimos, pela força dessa atração vital, recriaremos um ao outro. Até que a morte nos encontre e desfaça tudo.      

Amar não consiste em sentir que se ama, mas em querer amar. Sobretudo, porque fazemos parte da mesma natureza humana, por isso alimentamo-nos do mesmo sentimento chamado amor. É o prazer de um espírito que penetra na natureza, nela adivinhando o espírito que a anima. A natureza é sábia e nela encontra-se o espírito do amor encarnado. Porém, neste universo natural surge esse sentimento como uma proposta de comunhão. É o amor brotando como a força de uma flor, tão intenso que cada qual participa da vida do outro como o espírito que anima a própria natureza. Qualquer separação dessa força que brota no interior de cada pessoa representa um dilaceramento de vidas.

Entretanto, esse amor que potencializa vem da força do espírito que move a natureza. Por ser o amor autêntico, criador e inventivo, ele vivifica além de libertar das indiferenças que nos extermina sem piedade. O amor é um projeto que se abre ao infinito do outro, que nos faz sentir-se renovados, a ponto de causar prazer íntimo ao outro e a nós mesmo no cumprimento de nossas possibilidades mutuas, na serenidade e na luta por um viver juntos. Como a flor que enfeita e embeleza a natureza, cabe a nós a preocupação ativa pela vida e crescimento daquilo que amamos. É muito difícil respeitar uma pessoa que sempre enganamos e amar alguém que não respeitamos. O amor não convive com falta de respeito e nem acusações que o desabone. Todavia, se uma pessoa nos diz que ama as flores e vemos que ela se esqueceu de regá-las, não acreditamos em seu amor pelas flores.

Segundo o pai da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939), argumenta que uma paciente sua sonha com um arranjo de flores, misturando violeta com lírios e cravos. Na linguagem da psicanálise, os lírios representam a pureza, os cravos o desejo carnal e por ultimo, não menos importante, as violetas como a necessidade inconsciente da mulher de ser violentada pelo o homem. Seria isso mesmo? Sabemos que na relação sexual envolve certo sadomasoquismo, pois, a propósito trocaremos a violentada por estimulada pelo homem na busca do amor romântico. Tendo em vista, que o homem se prende aos estímulos físicos e a mulher aos estímulos românticos. Estabelecida essa junção a potencia amor se encarna. Agora existem duas almas em pleno êxtase.

Entretanto, o amor necessita de liberdade em todos os sentidos, porque tanto é dado quanto recebido livremente e para crescer necessita dessa liberdade. Contudo, cada pessoa crescendo no amor descobrirá seu próprio caminho, sua própria direção para amor. Como argumenta o escritor e antropólogo peruano Carlos Castañeda (1925-1998) em seu livro sobre os índios Yaquis, “A Erva do Diabo”, cita a sabedoria de Don Juan: “Você deve ter sempre em mente que um caminho é apenas um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele em nenhuma circunstância, qualquer caminho é apenas um caminho, e não existe nenhuma afronta a você mesmo ou aos outros em largá-lo, se é isso que sua cabeça lhe diz para fazer. Mas sua decisão de permanecer num caminho ou largá-lo deve ser livre de medo e ambição. Essa é uma advertência que lhe faço! Observe sempre cada caminho cuidadoso e deliberadamente. Experimente-o quantas vezes achar necessário. Então faça a si próprio, somente a você, uma pergunta: Esse caminho tem um significado? Todos os caminhos são os mesmos, conduzem ao nada. São caminhos que vão através do mato. A questão é se esse caminho tem um significado. Se o tiver, é um bom caminho; se não, não tem utilidade. Ambos os caminhos levam ao nada, mas um tem significado e o outro não. Um leva a uma caminhada alegre; enquanto estiver nele, estará bem. O outro fará com que amaldiçoe sua vida. Um o faz ficar forte, o outro o enfraquece”.

Portanto, a coisa mais humana e sincera que temos que fazer em vida é aprender a dizer nossas convicções e sentimentos honestos e a viver com as consequências. Essa é a primeira exigência do amor e nos torna vulneráveis as outras pessoas que podem nos ridicularizar. Mas nossa vulnerabilidade é a única coisa que podemos dar ao outro. Contudo, nós mesmos seremos amados por pouco tempo e depois esquecidos. Mas o amor terá sido suficiente. Existe uma terra da vida e uma terra da morte e a ponte é o amor, a única sobrevivência, o único significado.   

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