26 de fevereiro de 2013

A ARTE DO NAMORO TÂNTRICO

Quando se descobre a milenar arte do amor tântrico, o namoro ganha força e afinidade, o vinculo afetivo se estabelece. Os envolvidos estão sempre dispostos a sacrificar-se por esse amor de maneira espontânea e genuína. Os corpos parecem ser esculpidos um para o outro. Ambos acreditam tratar-se de almas gêmeas. Neste estado de graça as almas se completam harmoniosamente, formando uma unidade perfeita. Há uma grande concordância no campo da sexualidade, onde as almas reciprocamente se alimentam de carinho, ternura, beijos ardentes e amor romântico. Há uma inocência e uma pureza de sentimentos que brotam do fundo dessas almas.

Não há nada mais delicioso que a aventura do encontro, quando estamos encantados por uma pessoa. As almas falam por si mesmas. O namoro é a melhor fase da nossa vida. Como é bom e prazeroso namorar. O casamento poderia ser proibido, como preservação do namoro. Mas, infelizmente esse componente altamente estimulante que conduz ao encontro dos dois corpos, provocando o êxtase e convertendo-se numa grande celebração das almas e dos corpos, estão comprometidos, em plena extinção pelo ritmo alucinante da vida moderna, ou quem sabe, pelo processo decadente da humanidade.

Todavia, é irônico e paradoxal pensar que justamente agora que vivemos um clima de total liberdade sexual sem precedentes na história da humanidade, o sexo de uma forma geral está sendo absurdamente mecanizado e desfigurado com relação à sua origem sagrada. No mundo atual, viver momentos de êxtase prolongado com demonstração de amor, viver momentos de paz nos braços do ser amado, ou é coisa do passado ou no mínimo ocorre de maneira fugaz, sem profundidade, sem magia, e o pior de tudo isso, que é um sexo sem nenhuma conotação afetiva, vivido de maneira excessivamente fácil, primitiva e primaria. Os beijos e carinhos se banalizaram tanto que quase já não produzem mais nenhum assombro. O mundo virtual está ai para comprovar o que estou dizendo.

No namoro tântrico a excitação é um sentimento de preservação daquilo que possuo. É manter acesa a chama do erotismo o tempo máximo possível. Se quiser ter êxito no namoro e no amor tântrico, necessita-se de elevada sensibilidade física e psíquica, de capacidade de entrega total, muita renúncia, ausência de tensões e mascaras psicológicas que inibem e reduzem o prazer e impossibilitam a vivência do êxtase. A pergunta que se faz é: que intimidade pode existir numa relação sexual quando as luzes estão apagadas, ou quando os olhos estão fechados para o outro? Pois, este é um momento sublime, cuja a entrega é inevitável. É bom lembrar que, praticar sexo é uma escolha, ter prazer é uma possibilidade. Como obter prazer se não há entrega?

Entretanto, nesse momento o que vale é o conjunto todo, mente, corpo e espírito. O contato íntimo tântrico é uma crescente satisfação sexual no nível físico e emocional, bem como no nível espiritual. A essência deste momento ímpar é que o sexo que já se encontra em estado amoroso, pode ser muito mais do que uma simples experiência física. É um ato muito íntimo que envolve deliciosamente o prazer intenso e prolongado, levando ambos ao êxtase.

O filósofo inglês Bertrand Russel, prêmio Nobel de Literatura em 1950, escreveu um ensaio sobre as três grandes paixões de sua vida. Vou deter-me somente na primeira das suas paixões para fundamentar o significado máximo desse estado amoroso, que simboliza a nossa própria existência.  Argumenta Russel: “primeiro busquei o amor, que traz o êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o também, porque abranda a solidão, aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que finalmente encontrei”.

Portanto, para mergulhar nessa viagem descrita por Bertrand Russel, penso que é muito importante assinalar que na intimidade tântrica não existe começo, meio e fim, como estamos acostumados nas relações sociais onde envolve namoro e sexo amoroso. O que existe é o momento presente a cada etapa dessa viagem pelos corpos um do outro. Não existe tempo de duração, é o encontro com o meu Eu divino. Só é dado esse direito aos santos e poetas, os seres mais sensíveis e iluminados desse planeta. Contudo, quem pratica a arte milenar do namoro e do amor tântrico, aproxima-se dos iluminados e experimenta esse êxtase dos santos e poetas.   

2 comentários:

  1. amei mt bonito sem duvida.....e parabéns pela musica bom gosto

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  2. Anônimo00:07

    Eduardo que maravilhoso ver e sentir na alma suas reflexões e seus sentimentos, me sinto privilegiada de compartilhar com você seus textos, e sentir suas mais lindas emoções...bjus em seu coração...

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Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...