5 de julho de 2012

A VOZ DA INTUIÇÃO

A civilização ocidental faz com que as pessoas rejeitem e neguem a intuição, como se ela não tivesse um papel fundamental para o nosso conhecimento indutivo. As grandes descobertas da humanidade se deram ao acaso, isto é, primeiro passaram por esse processo indutivo para chegar ao dedutivo.

O ser humano reconhece a capacidade que os animais têm de compreender coisas que vão além de sua capacidade racional, o chamado instinto. Mas como isso é um mistério que desafia qualquer explicação lógica, temos uma tendência a desconsiderar esse sentimento, deixando-o de lado.

Desde muito cedo, já na escola, as crianças são treinadas para serem coerentes, lógicas, totalmente racionais. Sentimentos e emoções são ofuscados, escondidos e reprimidos lá no inconsciente e, dessa forma, a energia permanece bloqueada. Ser racional é preciso, pois a nossa vida social depende dessa lucidez. Mas não podemos abandonar essa voz da consciência que grita a todo instante. Regras autoritárias foram criadas para frear essa força interior. O certo e o errado, o bem e o mal, o comportamento adequado ou inadequado, todos esses quesitos parecem que estão sempre oprimindo  uma voz tênue chamada intuição. Para esse sentimento não existe certo ou errado. Quem pode dizer o que é certo ou errado?

Mas quando se aprende a escutar essa voz interior, a vida costuma ficar mais leve, a pessoa fica mais espontânea frente aos obstáculos. É como se houvesse outro me guiando, tomando conta de mim. Entretanto, nem sempre é fácil distinguir a voz da intuição das outras vozes, que eu chamaria de crenças. Os costumes e hábitos que herdamos. As velhas crenças, que só servem para quebrar qualquer personalidade. Plantar dúvidas, medos e programar o ser humano para viver, segundo as opiniões e palpites alheios.

Não há uma fórmula simples e garantida para ouvir a voz da intuição. Mas um bom treino é a meditação, buscar sempre lugares tranquilos e calmos, de preferência em meio à natureza. Aprender escutar essa voz é uma arte que exige prática para o devido aperfeiçoamento. O primeiro passo é prestar mais atenção ao que você sente interiormente. Segundo a autora dos livros: “Vivendo na Luz” e “Visualização Criativa”, Shakti Gawain: O ser, o ter e o fazer são como um triângulo, no qual cada lado serve de apoio para os demais. Não há conflito entre eles.

Para Gawain, um passo importante ao aprender a ouvir e a seguir a intuição é praticar uma “verificação interior” com certa regularidade. Pelo menos uma vez por dia. Tome um minuto para relaxar e ouvir os seus sentimentos e sensações mais profundos. Cultive esse hábito de conversar com o seu Eu interior. O nosso corpo nos ajuda nesse processo, principalmente se algo não vai bem conosco. Se o corpo apresentar dores ou indisposições já é sinal evidente que a pessoa ignorou seus sentimentos. Ao observar esse sinal, use-o para sintonizar e pedir aquilo de que necessita ter consciência e deixa a natureza física do corpo, seguir seu curso natural.

De acordo com Gawain, o primeiro sinal de que a intuição está sendo seguida é uma crescente vivacidade e disposição interior. É como se mais energia estivesse fluindo pelo seu corpo. Ideias pairam pelos ares esperando ser acessadas. Há pessoas que têm mais facilidade de acessá-las, mas, na verdade, qualquer um pode captar essa energia, assim como qualquer um pode fazer o uso da intuição.

Por conseguinte, a maior parte das grandes descobertas da humanidade realizadas até hoje, nasceu de insights. Para citar alguns. Heisenberg, enquanto passava em um parque à noite, imaginou um observador de longe com uma luneta seguindo seus passos. A escuridão de alguns pontos o fazia sumir da visão do observador. Então ele se tornava visível novamente quando passava sob alguma luz. Ali ele intuiu o princípio da incerteza.

Albert Einstein visualizou que viajava numa nave muito especial, o fóton, na velocidade da luz e ali, intuitivamente, nascia a teoria da relatividade. É famoso o caso do médico canadense F. G. Banting, que sonhou com a fórmula da insulina. Podemos citar o caso de Eugene O’Neill, Prêmio Nobel de Literatura, cuja obra “Longa Viagem na Noite” foi composta em estado de sonambulismo.

F. A. Kekulé von Stradonitz, autor da fórmula química do benzeno, que durante o sonho viu os átomos dançarem diante de si em forma de uma serpente cuja cabeça segurava a cauda, formando um anel fechado. Quantos casos mais há de insights que surgiram em situações nada previsíveis? Inúmeras, muitas de teor mais simples que os exemplos acima mencionados, mas eles estão por aí, sempre estiveram e sempre estarão. Os insights surgem quando desbloqueamos os acessos a um universo que não conhecemos com clareza.

Portanto, assim como a razão acessa o nosso disco rígido interno, a intuição nos dá a possibilidade, através do mundo quântico, de acessar o nosso universo pessoal. Ninguém é, de fato, criador de ideias, mas aqueles que podem ser considerados seres criativos, nas diversas áreas de expressão, e aí incluo ideias industriais, literárias, filosóficas e artísticas em gera são ,em verdade, os que acessam estes e outros universos mais facilmente. A energia que permeia nosso mundo mental está tão disponível quanto a energia do sol que aí está à disposição de quem quiser dela fazer uso.

Um comentário:

  1. Como leiga posso dizer que é um Toque de Deus em pessoas Escolhidas? Beijos com carinho !!

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