12 de fevereiro de 2012

A INVEJA DERIVA DA ADMIRAÇÃO

A inveja é um sentimento pouco estudado. Os profissionais de psicologia não gostam de temas como inveja e vaidade, a não ser que sejam vistos de passagem, pois usam esses termos como se fossem conhecidos e estudados à exaustão. Na verdade, quem mais trata das emoções no nosso meio com conhecimento são os espíritas, de denominação umbandistas e outras pessoas ligadas ao espiritismo, onde o tema fundamental é sempre o da inveja.
Depois de ler muito e consultar vários autores, cheguei à seguinte conclusão; que a inveja é um elemento importantíssimo, pois deriva da admiração como no amor. Ninguém vai invejar alguém que não seja rico em qualidades. Invejamos porque admiramos, do mesmo modo que amamos porque admiramos. Só que na inveja temos uma sensação de humilhação, de depreciação do outro. A pessoa que nutre a inveja pelo outro, sente-se por baixo, incomodada com as qualidades e o brilho daquela pessoa. O outro se torna insuportável aos nossos olhos.
Humilhado, ferido na sua vaidade, e com tendências fortes para a agressividade, desenvolve uma reação de raiva, de revolta contra aquele que provoca a inveja. Portanto começa aqui uma perseguição implacável contra o invejável que está causando esse desconforto todo no invejoso. Agindo com um “requinte” de crueldade incrível para que possa destruir o outro que é o seu objeto de admiração e para alcançar seu objetivo expõe o outro ao ridículo perante amigos e à sociedade, sem nenhum pudor para com a privacidade de ambos. 
Entretanto, quanto maior a diferença entre as pessoas que se unem por amor, maior será o ingrediente de inveja que competirá com esse amor. Seguindo uma “certa lógica”, se o amor deriva de admiração, logo, por uma relação de semelhança, a inveja também é derivada de excesso de admiração. Só que aqui a inveja funciona ao contrário, ou seja, se quem ama quer somente o bem da pessoa amada, o invejoso só pensa em destruir a pessoa que tem o que ela não ainda conseguiu adquirir, portanto atacará a pessoa que admira e procurará estar sempre presente na relação com força igual ou maior que o amor. Na verdade, as pessoas ficam juntas por conta dessa admiração, mas num clima péssimo, de conflito permanente, com brigas constantes e  apesar de perceberem isso, não se separam. Porque se admiram e se odeiam ao mesmo tempo, a cobiça parece favorecer a união dessas pessoas por não terem o que admiram uma na outra.
Portanto, na relação afetiva, ambos conhecem a verdade e jamais poderão se aceitar do jeito que são. Por isso é preciso muita força de vontade para enxergar os nossos defeitos, que são muitos. A pessoa que tem como meta construir a felicidade ao lado de quem realmente se ama, precisa evoluir muito para aceitar as suas limitações. Conhecer a si mesma e trabalhar seriamente no processo de crescimento individual se quiser chegar a uma boa autoestima. Assim sendo a tendência será para se encantar com a pessoa parecida e também para que este encantamento seja compatível com as necessidades práticas da relação afetiva e conjugal. Relacionar-se, com qualidade, é também admirar o outro com maturidade.        

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