20 de setembro de 2011

A SONSA E O CAFAJESTE

Uma das coisas mais difíceis no mundo moderno é um homem se entender profundamente bem com uma mulher. E vice e versa. Está suposto, que duas pessoas, quando envolvidas afetivamente, por força dos costumes sociais, buscam alternativas para ficarem juntas no casamento. E o pior de tudo, com a promessa de serem fiéis até o fim da vida. É o que se jura na presença de um padre ou de um pastor diante das testemunhas. Quem pode jurar que vai amar o outro a vida inteira? É preciso negar tudo que experimentamos de bom na vida como sentimento e emoção para fazer uma promessa dessas. Seria mais razoável se um dissesse para o outro: “vamos fazer o possível e um pouco mais para convivermos bem”. Mas garantir amor eterno é não saber o que está dizendo. Porque afinal, a ideia de que se tem do casamento é para sempre. Contudo, continuamos falando do casamento como o maior encontro da vida, quando todo mundo está cansado de saber que é uma panela de pressão pronta para explodir. Por que será? Por que nenhuma mãe se preocupa em preparar o seu filho homem para a geração seguinte. Assim, como também a filha mulher é preparada desde muito cedo para ser submissa ao seu homem. E aqui começam todas as desgraças humanas das relações amorosas.
Em geral tenho pesquisado as redes sociais e em particular aquelas que têm como pressuposto básico aproximar as pessoas para um possível encontro amoroso. E vem surgindo um fato novo em torno das relações humanas, que de certo modo, não deixa de ser preocupante e ao mesmo tempo cômico. É comum a gente ler no perfil desses sites, principalmente das mulheres: “Estou em busca de um grande amor, um homem que me faça feliz, que seja carinhoso e romântico. Que queira um relacionamento sério. Que me ame o tempo todo, para a vida inteira”. Teve uma que escreveu que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar não precisar dela. Aqui já é um caso para se pensar. Como posso querer alguém para amar e não precisar dessa pessoa? Por outro lado, onde existe esse homem perfeito que ama a mesma pessoa, vinte quatro horas por dia, a vida inteira? Como pode alguém ainda acreditar numa história dessas? 
Entretanto, o individualismo vem se fazendo moda popular, existe um novo tipo de conquistador refinado, para atender essa demanda, que as mulheres adoram; o cafajeste, que vem fazendo um sucesso medonho no meio feminino. Por que as mulheres preferem mais os cafajestes? Porque eles são diretos e dizem exatamente o que elas querem ouvir. E por que os homens preferem mais as sonsas? Porque elas aceitam com mais facilidade as mentiras, sem questionar. Mesmo porque não é interessante saber da verdade e sim ostentar essa vaidade. Prato cheio para os cafajestes. Todavia, o perfil do cafajeste é abusar dos sentimentos alheios, ele engana a esposa, é falso e chantagista. Esse é o quadro do macho padrão. Ao contrário temos a sonsa. Que também é dissimulada e manhosa. Elas adoram um paparico e são perigosas.
Antigamente tínhamos como grande referência na história de amor perfeito, Romeu e Julieta. No entanto, hoje vivemos dentro de uma sociedade consumista, anacrônica, onde as mulheres viraram frutas, objetos de desejo prontos para ser consumidas, cuja referência está muito distante do amor romântico que ainda povoa as mentalidades ocidentais desde o século XII.
As mulheres de hoje não são para amar e nem para serem amadas. Assim como muitos homens também. Estão muito mais preocupados em exibir o corpo sarado. Algumas mulheres são tão olímpicas, que alguns homens brocham só de olhar e imaginar. Não por desinteresse, mas por impossibilidade técnica. É como se elas dissessem: “sou melhor que você, eu sou perfeita, malhada e você não passa de um gordo solitário, trancado na sua medíocre vida sexual”. Até parece que o ideal dessas mulheres é ser desejada como um bom produto. Elas provocam um tesão na classe masculina, onde o machão latino vira um pobre excluído.
Entretanto, muito frequentemente homens e mulheres têm fascínio por cafajestes e sonsas. As melhores pessoas costumam ficar fascinadas pelos opostos. A nossa história está cheia de casos assim para comprovar o quanto as pessoas são diferentes, mesmo estando apaixonadas.
Portanto, se o ser humano pudesse ter essas horas de felicidade com algumas pessoas e não com qualquer uma, é evidente que estaríamos em um mundo muito melhor. Seria muito mais fácil cooperar para a preservação e o desenvolvimento desse mundo, teríamos mais prazer de estar junto a alguém e de atuar com esse alguém, que tanto bem nos faz. Concluo com uma frase magnífica de uma amiga jornalista, Edna Madalozzo, para ilustrar a nossa reflexão: “Somos vadias e somos santas. Somos mulheres fortes e lutadoras. Queremos ser livres e respeitadas.”    

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