26 de junho de 2023

NA ESPERANÇA ENCONTRAMOS CORAGEM PARA SEGUIR

Ao estudar a história da humanidade, percebemos que todos os grupos humanos em diferentes épocas cultivaram esperanças em relação ao futuro, sonhando com a liberdade, com um mundo de justiça, de respeito à vida, enfim, esperança de uma vida melhor tanto na esfera pessoal como na coletiva. Constata-se que é na esperança que encontramos coragem para lutar contra os grandes horrores e barbáries presentes na história humana.

Na mitologia grega, quando “Pandora” abriu a caixa onde Zeus havia aprisionado todos os males e as misérias deste mundo, o que restou bem no fundo da caixa foi a esperança. É este tesouro guardado no fundo da caixa que nos motiva a lutar sempre e acreditar, apesar de todos os males que escaparam da caixa de Pandora, na possibilidade de amenizar, vencer os males, os sofrimentos deste mundo.

Todavia, nosso tempo vive uma escassez de esperança. As pessoas não se entendem mais, fala-se na morte das utopias, no fim do mundo. Assistimos diariamente a intolerância da humanidade da qual fazemos parte. Paira no ar uma apatia, uma angústia constante, uma depressão nos ameaçando a todo o momento, desencanto amoroso, vazio existencial, o tédio da vida sem graça, desertos da alma e na necessidade de fuga do mundo.

As pessoas não acreditam mais no futuro e nem nelas mesmas. Até parece que os horizontes de esperança foram deletados. Quem cultiva a esperança é considerado um ingênuo frente à dureza dos fatos apresentados pela realidade cotidiana. Não confiamos mais nas pessoas e nem nas instituições. A consequência imediata é a indiferença e o esvaziamento dos projetos coletivos, segundo o filósofo e educador Sérgio Trombetta, nossa cidadania é medida pelo poder de consumo, pelo número de cartões de créditos, pelo automóvel que temos. Qual será o nosso futuro?

Essa crise de esperança acaba gerando uma cultura na qual tudo se torna normal e banal. Estamos nos acostumando com tudo. Não somos mais capazes de tremer de raiva frente a uma injustiça, estamos perdendo a capacidade de nos indignar. Até os amantes estão tratando suas relações amorosas com superficialidade total, sem a menor compreensão e tolerância um com o outro. Trocam com facilidade de parceiros como se troca de sapato. Parece não acreditarem mais no amor e são incapazes de cultivar esperança.

Paulo Freire não se cansou de lembrar o quanto a esperança é importante no processo de libertação dos seres humanos. Precisamos da esperança crítica, militante, solidária, como o peixe necessita da água despoluída. A esperança por si só não transforma o mundo. Mas sem esperança crítica não é possível lutar para transformar o mundo.

Portanto, o ser humano não é plenamente humano se não cultivar a esperança de um futuro melhor e se não agir para fazer deste mundo um lugar seguro para se viver, vamos desaparecer mais ou menos depressa. O mundo que nos espera não está por ser conquistado pela força, mas está por ser construído. Nesta tarefa de construir outro mundo possível, os sonhos, a esperança que não é espera, mas um fazer acontecer é imprescindível. Como diz o cantor Geraldo Vandré numa de suas músicas: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.     

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