3 de fevereiro de 2023

O AMOR RESGATA COISAS QUE PERDEMOS NA VIDA

Segundo Platão (427-347 a.C.), o amor é a busca da beleza, da elevação em todos os níveis, o que não exclui a dimensão do corpo, onde habita o prazer. No entanto, será que essa concepção ainda faz sentido em tempos de exagerado culto ao corpo e à coisificação do prazer?

Parece estranho e contraditório falar do amor romântico em uma época desapaixonada, como esta em que vivemos. Na verdade, esta nossa época carece tanto de sentimento quanto de razão, pois ela pretende ser apenas a encarnação de um tempo hedonista, extravagante, dominado pelos sentidos, num mundo de imagens audiovisuais.

Conforme Platão nos mostra em seu diálogo, como o amor resgata coisas que a gente perdeu na vida, nos dando uma nova chance de se redimir. Só o amor faz a pessoa evoluir espiritualmente. Embora, o amor tenha início na realidade física, deve alcançar a sua forma universal, não permanecendo prisioneiro da matéria, ou seja, do puro prazer físico.

Para Platão só te ama verdadeiramente, aquele que ama a tua alma. No entanto, é comum confundir o amor platônico com o amor não correspondido ou desprovido de interesse sexual. Afinal, temos um corpo que reclama pelo prazer de tocar e ser tocado. Na realidade, o filósofo não exclui o amor carnal, porém, o vê como um primeiro degrau que pode levar a outros mais elevados. Como por exemplo: fomentar a pratica do sexo tântrico, cujo objetivo é prolongar o prazer carnal para atingir o orgasmo espiritual. Esse é o real encontro com a divindade.

O pai da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939), concluiu que o embate do indivíduo com a sociedade é irreconciliável, que chamou de: “Mal Estar da civilização”. A razão que foi construída a partir dos gregos que quer guiar o mundo e por em convulsão os amantes apaixonados. Sinto que este mundo não tem governo.

Mas, não existe outro onde possamos viver, a não ser o mundo da razão ou das ideias inatas. Pode-se argumentar que a razão, seja ela grega ou moderna, é sempre repressora: está na sua natureza. Gente querendo ter razão, ao invés de ser feliz por amar, contudo, estão matando um sentimento que transcende a matéria.

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