14 de junho de 2020

UM MUNDO EM RÁPIDO PROCESSO DE EXTINÇÃO

Uma pequena olaria, um centro comercial gigantesco. Um mundo em rápido processo de extinção, outro que cresce e se multiplica como um jogo de espelhos onde não parece haver limites para a ilusão enganosa. Este romance fala de um modo de viver que vai sendo cada vez menos o nosso e assoma-se à entrada de um “Admirável Mundo Novo” cujas consequências sobre a mentalidade humana são cada vez mais visíveis e ameaçadoras.

Foi uma alerta incomensurável feita pelo ilustre ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, José Saramago. José de Sousa Saramago (1922-2010) foi um importante escritor português, que também ganhou em 1995, o Prêmio Camões, o mais importante prêmio da língua portuguesa. Dizia ele com certo pessimismo em relação aos humanos: “todos os dias se extinguem espécies animais e vegetais, todos os dias há profissões que se tornam inúteis, idiomas que deixam de ter pessoas que os falem, tradições que perdem sentido, sentimentos que se convertem nos seus contrários. Fim de século, fim de milênio, fim de civilização”.

Portanto, uma família de oleiros compreende que deixou de ser necessária ao mundo. Como uma serpente que despe a pele para poder crescer noutra que mais adiante se há de tornar pequena, o centro comercial diz à olaria: “Morre, já não preciso de ti”. Em A Caverna José Saramago enfrenta-se ao processo acelerado de desumanização que estamos vivendo. Com os dois romances anteriores – “Ensaio Sobre a Cegueira e “Todos os Nomes - neste ultimo livro, forma uma trilogia em que o autor deixou inscrita a sua visão do mundo atual, da sociedade humana tal como a vivemos. Não mudaremos de vida se não mudarmos a vida.

Um comentário:

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...