1 de junho de 2020

COM A MATURIDADE VEM A SERENIDADE

Vivemos uma grande transformação de costumes, são novos paradigmas surgindo como uma proposta de vida plena. O valor da espiritualidade, do autoconhecimento, do afeto, a alegria e a liberdade de ser e se exprimir é o que anuncia como qualidade para o viver bem e com dignidade. Mas, se não temos estudos profundos e suficientes sobre o próprio envelhecer, se a sexualidade somente nas últimas décadas deixou de ser negado, então, o que dizer da sexualidade e qualidade de vida na terceira idade? Muitas vezes nos atemos a costumes para dizer que é assim mesmo. Entretanto, são tantas as realidades que compõem a verdade que podemos observar no dia a dia. Pessoas explorando pessoas e as matando de todas as formas. Desde a indiferença até a morte física.

Por outro lado, os estudos mais recentes são animadores para essa geração da terceira idade. Não é necessário envelhecer como estamos fazendo, evidentemente, considerando naturais as doenças próprias da maturidade e mudanças fisiológicas que ocorrem em nosso corpo com o passar dos anos. Tendo em vista, que o mundo ocidental não reconhece o sexo como modo experiencial de evolução da própria espiritualidade quando afirmamos que é nos braços do ser amado que encontramos o paraíso, que os beijos dos amantes nos conduzem às esferas celestiais e que a perda da pessoa amada nos faz conhecer a condição de alma penada. E para sentir isso não tem idade. A epiderme, ou seja, o contato com a pele é gostosa em qualquer idade. O corpo humano é um complexo laboratório de reações química, sem falar do DNA que se une ao outro DNA, em função de um terceiro DNA. Mas também pode ter como finalidade o crescimento e a prosperidade no amor que surge dessa união. É bom lembrar, que é o DNA que escolhe o nosso par. A chamada química. Somos movidos e atraídos por essa força.   

Entretanto, as vantagens da terceira idade estão no campo afetivo. É na experiência do amor que ascendemos igualmente ao sublime e ao medonho. E é no sexo amoroso, em qualquer idade, mas, principalmente na terceira idade que conhecemos a eternidade, dentro da própria temporalidade. O sabor da vida, o prazer verdadeiro, o encontro do meu Eu divino no outro, a troca de corações, cada um se apossa do coração do outro, numa atitude de cuidar e preservar o amor. Como dizia os antigos: “se você quer ser feliz, não se case. Se você quer fazer o outro feliz, então se case”.

Na terceira idade dispensa as preocupações que teria um jovem quanto a sua sexualidade. Na maturidade o sexo é a própria vivência da alegria e da beleza e o encontro é na sua totalidade uma grande caricia que envolve o corpo, o psiquismo e a alma. Neste encontro ambos vivem a certeza do amor pleno. Nesse estagio de maturidade, passa a pensar com o coração, a fazer sexo amoroso com o corpo todo e com a mente possuída pela divindade. Pois na plenitude do prazer de se encontrar, experimentar o paradoxo e o milagre da vida, do nascimento e da morte. Cada encontro é um renascer. Cada orgasmo é um morrer. Quem sabe a respeito dessa maturidade, pouco fala, só quer sentir.

Portanto, é com a experiência e com a maturidade, que passamos do processo jovem da segunda idade, onde somos criativos e produtivos, para o processo maduro de introspecção e sabedoria existencial. Com a maturidade também vem à serenidade, a paciência histórica e o bom humor. Contudo, a relação madura é marcada pela alegria e felicidade a cada encontro, onde os gestos dizem mais que as palavras. A experiência sexual amorosa na terceira idade é consciente e madura, integrada e ao mesmo tempo sensorial e biológica, mental e psicológica, sensual e espiritual, carregada de generosidade e de muita sabedoria. Estado pleno de crescimento, que vai do físico ao espiritual. Há um provérbio oriental que diz: “Se mergulhas e não encontras pérolas no fundo do rio, não pensem que elas não existem”. Tal é a arte de viver e de morrer. Que o sexo amoroso e o amor pleno, na maturidade por si só, parecem saber do poder de cumplicidade que domina.   

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