18 de fevereiro de 2020

NOSSA CONDUTA PARA CONOSCO MESMO

A Arte de ser feliz começa com um exame de si próprio: se em um primeiro momento nós nos perguntamos quem somos, agora queremos saber qual a melhor maneira de nos conduzir. É sempre bom dar um passo para trás e permitir-se um momento de reflexão: o ser humano pensa ser um animal consciente de seus atos, mas isso não só não é verdade, como trata-se de uma arrogância enorme com os outros animais.

Achamos que somos superiores, mas existimos e agimos da mesma maneira que toda a vida: de modo inconsciente e inconsequente. Por isso é bom permitir-se um momento de silêncio e reflexão. O ser humano vive sua vida de maneira cotidiana, sem perceber os rumos que sua existência lentamente está tomando. Não surpreende, é realmente difícil entender a própria vida sem olhar para trás ou do alto, procurando enxergá-la de modo amplo, com seus desvios e acertos. Para ilustrar, cito o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que nos aconselha a parar e olhar para si mesmo, para os lados, para trás e para frente e perguntar-se: afinal, o que é que eu estou fazendo de bom para mim? 

No entanto, assim como o andarilho precisa subir num cume para ter uma visão panorâmica do caminho percorrido e reconhecê-lo como um conjunto, nós também só reconhecemos a verdadeira concatenação de nossas ações, realizações e obras, a sua coerência precisa e seu encadeamento, além de seu valor, ao final de um período de nossa vida ou até mesmo da vida inteira. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama verdadeiramente a liberdade.    

Portanto, aquilo que é mais importante para o nosso bem estar e felicidade, dirá Schopenhauer, é a maneira com a qual preenchemos a nossa consciência. O trabalho do espírito, puramente intelectual, proporciona muito mais que a vida com seus abalos e tormentos. Mas não são muitos os que estão dispostos a isso. Na verdade, a maioria teme a própria presença e prefere as pequenas diversões e as distrações. Provavelmente porque possuem pouco para encontrar dentro de si. De modo que o sábio habitará os dois tempos sem se deixar levar. Se esforçará para digerir o que passou e não temer o que virá. Tendo em vista que sua serenidade advém de uma existência simples e uniforme, mas que não produz tédio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...