21 de outubro de 2017

O MELHOR DO AMOR NA VERSÃO PLATÔNICA

Qualquer tipo de relação afetuosa ou idealizada em que se abstrai o elemento sexual, por vários gêneros diferentes, como em um caso de amizade pura, entre duas pessoas, pode ser um indicio de amor platônico. Que também pode ser um amor impossível; difícil ou que não é correspondido. Só eu sinto o que não sentem por mim. O amor platônico é entendido como um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve, é feito de fantasias, é um amor idealizado, onde o objeto do amor platônico é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem defeitos. Somos facilmente atraídos e fisgados por esse tipo de sentimentos. Por que somos tão vulneráveis ao amor platônico?

 Vale lembrar que a paixão faz parte do inconsciente coletivo de todos nós, assim como ela está no ar que respiramos, no nosso olhar e no desejo que reprimimos. A exposição diária de olhares sedutores tão fascinantes a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão. Talvez aqui esteja um dos enigmas para os humanos pensar. Já dizia o poeta que os olhos são à janela da alma: “É no olhar que te vejo, é no olhar que te mexo e disparo o teu coração, é com esse olhar que te desejo”. Porém, esse temor da paixão é que nos paralisa diante do encontro amoroso. Mesmo sem reconhecer, ainda assim o amor permanece como o enigma que norteia a existência humana. Temos uma tendência a maltratar o amor quando ele surge. Agregamos tudo de ruim, a começar pelo ciúme. Justificamos como se isto fizesse parte do amor.

Entretanto, as pessoas sempre buscaram preencher esse vazio e o sentido da sua existência com o tão cantado e desejado amor romântico. Porém, o amor que sempre se apresentou como um mistério para a condição humana, mistério esse que, ao longo dos séculos, filósofos, psicólogos, teólogos e poetas, sempre procuraram desvendar. No diálogo “O Banquete”, Platão (427-347 a.C.) coloca o amor em discussão para explicar a sua origem. Foi assim que saímos por aí numa busca incessante para restituir a nossa plenitude perdida. Na verdade, buscamos através do amor essa totalidade que se rompeu com a separação. O que fazemos no momento da sedução, senão buscar no outro a nossa identidade? Desta forma, viver o verdadeiro encontro amoroso seria reviver o encontro com a nossa própria essência, que desperta no amor. Eu desejo o outro para crescer com ele no amor.

Portanto, buscamos reencontrar o que em nós foi perdido. É no olhar que nasce a promessa que este encontro está prestes a acontecer. Para Platão quando estamos sós, somos seres humanos incompletos, reclamando a sua outra cara metade. Por mais imperfeitos que sejamos em nosso mais fundo vamos encontrar o “DNA de Deus”. Como se vê, tudo de melhor em nós se resume no amor, porque, como nos ensinou o apóstolo João: “Deus é Amor”. Sendo assim, o outro se torna o meu objeto de desejo. Na essência todos se completam nesse Amor. 

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