26 de abril de 2017

A IMAGINAÇÃO DE QUEM FAZ FOFOCA

As pessoas na certa não fazem uso da lógica para expor e detonar a moral de alguém. Nem pode ser diferente, pois a maldade está na natureza humana. Se decidíssemos pelo uso da lógica ao julgar uma pessoa, na certa não decidiríamos coisa nenhuma, porque nunca sabemos tudo de nada, mesmo nas relações afetivas. A todo instante resolvemos situações importantes da nassa vida, simplesmente baseado na informação que temos, que alguém aleatoriamente falou, de regra muito mal informado e carregado de intrigas e maldades. A fofoca é isso: uma hipótese baseada em dados mais do que deficientes. Com isso, vão construindo suas teias de crueldade contra o outro. Conheço relações de boa qualidade que estão acabando por conta da fofoca.

As pessoas que fazem fofocas, além de preconceituosas, são geralmente as que se acham melhores que os outros, são as que querem chamar atenção, querem mostrar que são elas que sabem das coisas, mas na verdade, são as que menos sabem. Quem fala muito, nada diz e nada aprende, por dar muitas respostas para poucas perguntas e de concreto nada sabe. E o mais grave,  quando destilam seus venenos, fere, agride, dissemina e destrói sonhos. Nenhum grupo social está livre da fofoca. E quando ela medra dificilmente será extinta, porque quando as providencias combativas chegam, ela já fez o estrago que queria. Por isso a fofoca é um dos males que tem alto poder de destruir uma relação, seja ela qual for. Quase sempre vem de pessoas ligadas aos envolvidos, formulada com desonestidade e covardia e sem chances de defesa para outro.

No entanto, quando se sabe de uma fofoca grande, pode-se ter certeza de que foi construída à custa da frustração de uma ou mais pessoas, cada uma delas acrescentando ao relato original sua maldade individual. A questão é que nos sentimos vítimas da fofoca quando ela chega a nós. Mas, ninguém se sente agente da fofoca. Estranho esta atitude, ninguém assume como fofoqueiro preconceituoso. Acham que fofoca mesmo só os outros fazem. Podemos dizer que a fofoca é a informação ou o comentário tendencioso sobre um terceiro que está ausente. Sendo que a notícia, ao passar de pessoa a pessoa, vai sofrendo alterações ou acréscimos, que deturpam os fatos. Porém, mais importante do que essa modificação na notícia, é a interpretação que o fofoqueiro faz das ações contra sua vítima.

Concluo com uma mensagem para refletirmos sobre os três filtro que devemos usar antes de fazer fofoca ou julgar alguém. Na Grécia antiga, Sócrates era um mestre reconhecido por sua sabedoria. Certo dia, o grande filósofo se encontrou com um conhecido que lhe disse: - Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um amigo seu? – Um momento, respondeu Sócrates – Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste. Chama-se “Teste dos três filtros”. – Três filtros? – Sim, continuou Sócrates – Antes de me contar o que quer que seja sobre o meu amigo, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer. - O primeiro filtro é o da VerdadeEstás completamente seguro de que o que me via dizer é verdade? – Bem... Acabo de saber... – Então, sem saber se é verdade, ainda assim quer me contar? – Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade. – Quer me contar algo de bom sobre meu amigo? – Não, pelo contrário. – Então, interrompeu Sócrates – queres me contar algo de ruim sobre meu amigo, que não sabes se é verdade! – Ora veja! – Ainda podes passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade. – O que queres me contar vai ser útil para mim? – Acho que não muito. – Portanto, concluiu Sócrates, - se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e pode não ser útil, então, para que contar? Este episódio demonstra o quanto o filósofo grego Sócrates, era estimado e querido pelos seus discípulos.   

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