6 de dezembro de 2013

O PENSAMENTO É O DIÁLOGO DA ALMA

Só ao seres humanos é dado a possibilidade de dialogar, o que faz do diálogo uma característica própria e única da natureza humana. Assim como a capacidade de fazer perguntas objetivas, visando sempre a busca do conhecimento, estabelecendo relações e comunicando ao outro através da linguagem oral ou escrita. Contudo, o acesso ao pensamento e a representação das ideias se da no diálogo aberto e franco. No entanto, o diálogo é a troca de ideias, é formar novas ideias a partir de um novo conceito.
A nossa capacidade de se dirigir e de dialogar com o outro, nos torna igual, estabelecendo assim uma relação, e esse comunicar com o outro através da linguagem nos permite o acesso ao pensamento e a representação do mundo das ideias. Todavia, o diálogo pressupõe a reciprocidade existencial e esta pressupõe a diferença e ao mesmo tempo a semelhança, já que é devido à diferença que podemos enriquecer com a comunicação. Através do diálogo alargamos os horizontes da exigência do pensamento, pois para se responder e argumentar as ideias tem de se fazer uso constante do raciocínio.
Os Diálogos de Platão (427-347 a.C.), nos mostra todo o processo de elaboração do pensamento, e a dialética não é mais do que a arte de raciocinar ou de dialogar. É discutir as razões das próprias ações, num pensar diferente. Tendo em vista, que nas objeções de Sócrates (470-399 a.C.), obrigam o seu interlocutor a procurar uma verdade que este pensava já possuir. Da opinião a verdade, do particular ao universal, o diálogo é o próprio caminho do pensar crítico. Tendo em vista, que a filosofia antiga não tem as opiniões como base, somente os fatos.
Para Platão, o pensamento é o diálogo da alma consigo mesma. Vou além, penso ser um diálogo entre as almas e não como afirma o mestre. Como ele dizia: “Só te ama, aquele que ama a tua alma”. Aqui implica um diálogo entre duas almas, compartilhando da mesma essência. Por conseguinte, a filosofia contemporânea, assim como a fenomenologia dão ao diálogo uma importância primordial, porque ele é constitutivo de um mundo verdadeiramente humano, isto é, de um mundo comum mas composto de diferenças e diversidades.
Portanto, para que o diálogo torna viável o entendimento entre as pessoas e casais numa relação afetiva, o diferencial que marca essa relação são os valores que ambos acreditam e trazem como experiência de vida. Contudo, se as pessoas pautarem suas vidas na ética e nos princípios morais, e comungarem esses valores, o diálogo funciona. Porque o diálogo é racional e os valores estão além da razão. Os valores estão no terreno da consciência cósmica, na totalidade do ser. É reconhecer no outro a minha identidade humana. Enfim, o que faz o ser humano realmente bom é a consciência do seu ser e a vivência do seu agir. Fora disso temos um ser humano egoísta e diluído pela indiferença. 

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