3 de março de 2012

TUDO FLUI NADA PERMANECE

Ninguém entra no mesmo rio duas vezes, pois quando isso acontece, já não é mais o mesmo rio, no momento seguinte as águas não serão as mesmas. Foi um filósofo grego, que viveu no século quinto antes de Cristo, Heráclito de Éfeso que fez essa formulação que até hoje nos fascina. O fluxo eterno das coisas que é a própria essência do mundo apontou Heráclito e se ainda hoje ficamos espantados com isso, é porque nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando no fundo que tudo permaneça igual. Então é necessário um filósofo da antiguidade ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender que nada é permanente a não ser a mudança.
Devir em filosofia é o mesmo que movimento permanente das coisas que se desfazem, transformando-se em outras coisas. O mundo explica-se, não apesar das mudanças de seus aspectos muitas vezes contraditórios, mas exatamente por causa dessas mudanças e contradições. Quer dizer que todas as coisas opõem-se umas às outras, e dessa tensão resulta a unidade do mundo. Para Heráclito a harmonia nasce da própria oposição. A divergência e a contradição não só produzem a unidade do mundo, mas também sua transformação. O mundo é um fluxo contínuo de mudanças, o mundo é como um fogo eterno sempre vivo, e "nenhum deus, nenhum homem o fez". Heráclito concebia a realidade do mundo como algo dinâmico, em permanente transformação. Para ele, a vida é um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias. Assim afirmava que "a luta ou os conflitos eram a mãe, rainha e princípio de todas as coisas". É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui.
Entretanto, para melhor entendermos, cito Guimarães Rosa no Grande Sertão Veredas em que escreveu o seguinte: “o mais importante e bonito do mundo é isso, que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando, afinam ou desafinam, verdade maior é o que a vida me ensinou”. O incrível que o filósofo flagra a fluidez e o escritor se maravilha com isso. É o mais bonito da vida diz Guimarães Rosa. É uma celebração do movimento, não é um lamento.
É no amor líquido que vamos perceber essa fragilidade, essa dificuldade de se perpetuar os vínculos amorosos no mundo de hoje. Eterno em constante mudança, o amor é dos deuses mais antigos, a maior potência do universo. Conciliar a permanência de Parmênides onde ele afirma que “o Ser é” e “o não Ser não é” (nossa próxima reflexão) e a mudança de Heráclito onde tudo flui. O que não nos surpreende é, se considerarmos que sua excelência o Amor existe para Unir as pessoas, é justamente essa sua função. Mas como tudo na vida é um eterno fluir nada permanece, então, como fica o Amor?  
Portanto o tempo não para e isso é belo. Todavia, estamos sempre em constante encontro um com o outro, seja por aqui ou por aí, e seremos a cada encontro, sempre outra pessoa, nunca a mesma. Concluo com uma frase nobre de Martim Luther King prêmio Nobel da Paz: “Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser; mas, graças a Deus, não somos o que éramos”.

Um comentário:

  1. Anônimo21:21

    Não tenha medo de começar de novo, tenha medo de ter o mesmo resultado! Nada é impossível para um coração cheio de vontade! É preciso coragem para ser diferente e muita competência para fazer a diferença....

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