11 de março de 2012

OS PARADOXOS DO AMOR

Certa vez ouvi alguém fazer o seguinte comentário: “esse tal gênero amor não é viável para a nossa vida”. Aqui vai a pergunta: mas como avaliar a viabilidade do amor? Por que o que é viável é sempre um bem? Por que durar é melhor que inflamar ou acabar? Aprendi com a vida que a gente é livre para seguir as escolhas que fazemos e não para seguir os impulsos que sentimos. Afinal, queremos sempre ter razão ou sermos felizes? Quem sempre tem razão se julga o dono da verdade.
Sendo o amor um desejo de união com o outro, ele não pode ser um mal. No entanto, ele estabelece um tipo de vínculo paradoxal, a partir do momento em que estamos encantados por alguém. Desfazemos qualquer possibilidade desse amor vingar ao colocarmos regras para essa nova relação. Seria um atrevimento sem precedentes tentarmos estabelecer normas ou regras de comportamento num relacionamento amoroso interpessoal. Preciso do outro para viver esse amor.  Estabelecer o que é viável ou não... para que esse amor dê certo, é o mesmo que desistir de vivê-lo. O amor não segue um sistema lógico de pensamento, todo organizado como achamos que seja. Quando se tem alguém que desperta esse sentimento, você simplesmente sente o pulsar do amor em seu coração. Não há razão que dê jeito.  
Entretanto, o risco do amor é a separação. Mergulhar numa relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Para o psicanalista e filósofo austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital. É como se fosse a vivência da morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro.
Quando ocorre a perda, a pessoa precisa de um tempo para se refazer, pois, mesmo quando mantém sua individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo outro. Há um período de luto a ser superado após a separação, para que ambos possam reencontrar um novo equilíbrio para suas vidas.
Portanto, numa sociedade massificada, onde o EU não é suficientemente forte, as pessoas preferem não viver, para não ter de vivenciar a “morte”. Por isso o paradoxo, procuramos pelo amor a vida toda e quanto ele aparece fugimos. Concluo com uma frase do pensador francês Edgard Morin: “nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte; e fúria de viver quer dizer viver as dificuldades”.

2 comentários:

  1. Amor, sentimento que completa,realiza e faz crescer se juntos dividirem a vida... Entrar de cabeça com o unico objetivo de fazer feliz.Amor verdadeiro só sente quem se entrega por inteiro,se dedica e se importa com a felicidade do outro. Amor........tão falado,tão desejado e tão dificil de encontrar porque sempre se visa o EU, depois o NÓS... amar é entregar, o retorno virá com certeza.
    Beijos com carinho !!

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