28 de novembro de 2019

NÃO SOU FORTE QUANDO ME COMPORTO COMO A MANADA

Como diz o filósofo e educador Mario Sérgio Cortella (1954), num dos seus textos: “eu não sou forte quando me comporto como a manada”. Pensando melhor sobre essa frase, só consigo ser forte quando tenho uma conduta consciente, em tudo que faço, porque decido o que fazer. Não porque as outras pessoas também o estão fazendo. Esse comportamento mimético(que imita), simiesco (parecido com macacos), em relação a algumas práticas é sinal de fraqueza e de pusilanimidade (fraqueza de ânimo).

Aceita-se hoje, com a maior facilidade, o que chamo de ética da conveniência. Bom é tudo aquilo que me favorece. O que não me favorece considero ruim. Em vez de termos valores de conveniência que sejam sólidos, menos superficiais, portanto, menos cínicos, há uma hipocrisia que leva a esquecer que ética não é cosmética. Não é efeito de fachada.

Nessa hora, costumo lembrar um alerta valioso feito pelo Corpo de Bombeiros: nenhum incêndio começa grande, e sim com uma faísca, uma fagulha, um disparo. Isso se aplica ao campo da ética. O apodrecimento dos valores éticos positivos se inicia também com pequenos delitos, infrações, aceitações, conivências. A expressão “o amor aceita tudo” é absolutamente antiética e antipedagógica. A pessoa que seja capaz de amar é aquela que recusa aquilo que faz mal, por isso um pai e uma mãe não pode jamais dizer ao filho “é porque eu te amo, então tudo aceito”.

É exatamente o inverso: porque eu te amo é que eu não quero que você use drogas ilegais; é porque eu te amo que eu quero que você seja decente; é porque te amo que eu não quero que você banalize a sua sexualidade livre e bonita; é porque eu te amo que eu quero que você tenha esforço na sua produção e é porque você me ama que eu quero que você, meu filho, minha filha, me adverte, também me apoia, também me corrija naquilo que eu estiver equivocado.

Portanto, essa relação de cuidado mútuo, só nos faz crescer. Por isso esse exemplo do cotidiano tem que aparecer como sendo a recusa com qualquer situação. A ética do amor não é a ética da conveniência em que, as coisas valem a partir de qualquer momento, mas uma ética que é capaz, também de dizer não ao que tem que ser recusado. Viver com maturidade é aprender com os erros, aceitar todas as diferenças, e não buscar perfeição em ninguém.

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