13 de agosto de 2019

PLATÃO E O MUNDO DAS IDEIAS INATAS

Segundo o filósofo grego Platão (427-347 a.C.), acreditava que o mundo que conhecemos não é o verdadeiro. Para ele a realidade não está no que podemos ver, tocar, ouvir e perceber. A verdade para Platão, é o que não se modifica nunca, o que é permanente, eterno, sempre será, por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar. Contudo, podemos afirmar que o amor é dos deuses. Quando se ama é na essência que o amor se faz encarnado. Para o filósofo pré-socrático Parmênides (530-460 a.C.), desde o nascimento até a morte somos únicos na essência. Mas como encontrar essa verdade? Na filosofia de Platão existem dois mundos: o primeiro é aquele que podemos perceber ao nosso redor, com os cinco sentidos, é o mundo das aparências. O outro é o mundo das idéias, onde tudo é perfeito e imutável. Não podemos tocá-lo, ele não é concreto. Só o pensamento pode atingir essas ideias. Para entender melhor, a gente precisa conhecer a história que Platão criou: “O Mito da Caverna”.

Para Platão a maior parte da humanidade se encontra prisioneira da caverna. Isto foi dito a mais de 23 séculos. Imagine um grupo de prisioneiros que nasceu no interior de uma caverna escura. Eles estão acorrentados de costas para a entrada da caverna e só podem olhar para a parede do fundo. A luz que entra na caverna projeta nessa parede as sombras e nada mais. Os prisioneiros acham que elas são a realidade. Nunca viram a luz. A vida das pessoas para Platão, é como a dos prisioneiros do mito, acorrentados no fundo da caverna. Vemos as coisas que conhecemos como se fossem reais, mas não passam de sombras, pura ilusão. Vemos, mais não enxergamos, muito comum no nosso dia a dia. Como disse Platão, a verdade está fora da caverna, no mundo das ideias, onde há luz. Ou seja, é preciso desconfiar do que os nossos olhos e ouvidos dizem. Devemos nos guiar pelo pensamento e pela razão. Foi em torno dessa ideia que nasceu a filosofia (século V a.C.).

O filósofo grego foi ainda mais longe. Platão afirmava que o corpo é o cárceres da alma, um obstáculo ao pensamento. Certa vez um aluno me falou sobre a alma: “professor; não posso te falar o que é alma, porque nunca vi uma alma para dizer o que é”. Achei que era brincadeira. Mais não era, ele realmente falava sério, parecia não acreditar que um corpo pode ser informado por uma alma ou um espírito racional. Platão acredita que para atingir a verdade e o bem, precisamos nos libertar da sedução dos sentidos. O prazer de olhar e desejar, o prazer de comprar. Por exemplo, ao entrarmos num Shopping Center, podemos ficar hipnotizado pelas vitrines, pelas pessoas bonitas que tem poder e status, ou por aquele doce gostoso que tanto apreciamos. O pior é que, noventa e nove por cento do que existe la não precisamos. Mas mesmo assim compramos, porque o consumo virou um suporte do exercício de poder. Se compro é porque posso, estou afirmando o meu poder.

São os apelos do corpo que nos levam as paixões descontroladas e nos afastam da verdade. Platão dizia que estas paixões deve ser submetida às avaliações do pensamento. Mas afinal, qual a relação entre o mundo dos sentidos com o mundo das ideias? Tudo o que a gente ve e percebe ao redor são cópias mal feitas do mundo das aparências, sendo que a perfeição só existe no mundo das ideias. É como se a natureza e as pessoas fossem uma cópia de modelos que só existem no mundo das ideias. O que Platão quer com isso é distinguir o verdadeiro do falso, o semelhante do diferente, a essência da aparência. Tendo em vista, que Platão também desconfiava da arte e dos poetas.

Entretanto, o motivo dessa desconfiança é que eles seduzem os nossos sentidos e nos desviam da busca pela verdade. Tanto o artista como o poeta se inspiram em coisas que existem no mundo das aparências, isto é, cópias, como por exemplo, uma mulher bonita ou uma paisagem viva da natureza. Para um artista plastico, uma mulher é a cópia de um modelo perfeito, que só existe no mundo das ideias. A arte, portanto, seria cópia da cópia, duplamente enganadora. Se a arte é a cópia da cópia, imagina o que seria uma banda cover? As ilusões da arte atrapalham, enquanto a filosofia só ajuda, por nos fazer pensar. Porque só ela pode conduzir o homem ao bem e a verdade.

Portanto, o que a herança platônica nos deixou foi uma forma de avaliar o mundo, que opõe o bem e o mal a partir de modelos fixos, de ideias. Vivemos guiados por ideais, como o ideal do corpo bonito, de filhos perfeitos, de marido ou esposa exemplar. Mas, será que é possível atingi-los? Será que viver nas sombras é pior do que viver na luz como Platão imaginou? Será que a cópia é pior do que o original? Existe mesmo um original? Neste mundo de mudanças, o que existe são diferenças. E em nossas diferenças, somos todos originais. Cada um é sua cópia e sua essência. Nosso corpo envelhece com o passar dos anos, mas, para a essência o tempo não existe. Contudo, vivemos uma cultura da aparência. Hoje um contrato de casamento vale mais do que o amor. Um funeral vale mais do que o morto. As roupas de grife vale mais do que o nosso corpo. E a missa ou o culto, passou a valer mais do que Deus. 

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