7 de setembro de 2017

O ALIMENTO DA JUVENTUDE É A ILUSÃO

Tenho experiência de sala de aula, lecionando para crianças, jovem e adulto. Posso afirmar que todos têm os seus méritos, mas com os jovens, ao tratar da filosofia, sinto que flui de forma diferente. É neste período de transição e busca, em que se encontram, é o território ideal para a filosofia. Estão entre a ingenuidade infantil e o ranço dos preconceitos. Como diz o filósofo e educador Waldir Pedro, em seus olhos, vê-se a procura pela identidade. Anseiam por respostas e querem que caminhos sejam apontados. Acreditam que a filosofia pode lhes dar o rumo certo da vida. O que dizer a seres tão sedentos por horizontes?

Como argumenta num texto, o pai da filosofia moderna, René Descartes (1596-1650): duvidem de tudo, menos que você existe, pois, “penso, logo existo”. Ele expressava a sua preocupação com o problema do conhecimento. Não deve restar nenhuma dúvida. As verdades que vamos estabelecer em nossa vida, dependem da construção da nossa identidade. Um amigo especialista em comunicação e marketing mostrou-me a capa de um livro e disse que a tal capa havia muito de ruídos e me explicou que o essencial, que era informação sobre o conteúdo que traz o livro, foi colocado em segundo plano, junto com o título.

O que é essencial e o que pode ser colocado em segundo plano? Até que ponto as ideias que tenho a respeito da vida é minha mesmo? Será que, quando opino sobre determinado assunto, faço com minhas convicções? Muitas vezes, falamos e agimos apenas repetindo modelos feitos que foram aceitos sem a devida reflexão. Nossos gostos e atitudes se misturam com o querer de nossa família, dos professores, dos livros e da mídia. E, no meio desses ruídos, onde está o meu eu?

No filme A História Oficial (1985), conta a história de uma professora da classe média argentina que descobre que a criança que adotou pode ser filha de presos políticos da ditadura militar (1976-1983). Um jovem ao expor para a professora sobre a revolução em seu país foi questionado pela mestra, pois aquele fato descrito pelo aluno não tinha embasamento documental. A professora perguntou que livro o aluno leu para afirmar tais fatos, ao que o aluno respondeu: quem escreveu os livros que lemos? Vou mais além: quem está escrevendo nossa história? Penso que está na hora de retomar o leme da nossa existência.

Portanto, encerro esta reflexão parodiando o escritor e poeta argentino Jorge Luís Borges (1899-1986), porque o momento é propício para essa reflexão: “Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais (...). Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, teria mais problemas reais e menos imaginários (...). Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.” Não queira ter razão, só seja feliz com a vida que Deus lhe concedeu, como presente precioso. 

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POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...