17 de junho de 2017

O QUE UM PAI MAIS DESEJA?

Para ser um bom pai, o que é necessário? Ser pai é, antes de tudo, ser alguém aberto ao mundo da criança. Para ser pai é fundamental ter a consciência de que não é um super homem ou um semideus. O que um pai mais deseja é a felicidade dos filhos. Vê-los estudando, encaminhando-se para a vida profissional, de forma natural e serena. Para o filósofo Joseph Campbell, a maior autoridade no campo da mitologia, argumenta que nas epopeias, frequentemente, quando o herói nasce, o pai já morreu ou está em algum outro lugar, então o herói tem que partir à procura do pai. Pois ele precisa encontrar esse pai para resgatar sua identidade. Por conseguinte, no colégio que leciono filosofia no ensino fundamental II, juntamente com minhas colegas professoras, trouxemos os pais separados para dançar quadrilha com seus filhos. Todos estão levando a sério os preparativos para esta grande festa junina no colégio. Será um encontro de caráter familiar, onde o pai é o protagonista ao lado da filha amada.

Mas, em que momento da vida é formado o caráter de uma criança? Caráter é um termo usado na psicologia como sinônimo de personalidade. Caráter, em sua definição mais simples, resume-se em índole ou firmeza de vontade. É um tema básico na mitologia, o filho que sai a procura do pai através dos séculos, este por sua vez simboliza a lei, a censura, o responsável pela formação do caráter do filho. De modo que, na história de Jesus, o seu pai era o Pai do céu, que é um termo simbólico aceito pelos cristãos. Quando é colocado na cruz, Jesus está a caminho do Pai, deixando a mãe para trás. Para Campbell, a cruz que simboliza a terra é, na verdade, o símbolo da mãe. Assim, na cruz Jesus deixa o seu corpo sobre a mãe, de quem ele o havia herdado e, vai para o Pai, a suprema fonte transcendente do mistério. É no Pai que ele vai encontrar a sua verdadeira identidade.

Quem quer ser pai deveria, antes de ter filhos, olhar para o espelho e dizer: “não sou Deus, portanto, o que vier como filho não poderá ser alterado por mim, e terei não só de aceitar, mas também de amar”. Muitos pais não percebem que o filho é uma pessoa singular, que precisa seguir um caminho único, dele próprio. Ninguém quer um filho no caminho do crime ou das drogas, muito menos da prostituição. Até nessa situação extrema, uma boa parte dos pais aprende a amar os filhos. Uma boa parte dos pais percebe, às vezes tardiamente, que, na diferença dos filhos, eles são muito iguais aos pais.

Portanto, nasce aqui o amor de poder viver e passar pela experiência que só os vivos é dado a conhecer. Quando um filho sai para o mundo é algo de corajoso, pois o desconhecido se abre: “o que acontecerá comigo? Serei menosprezado? Terei dificuldades na escola e no emprego?” Sabe que poderá não suportar e em dado momento, terminar como outros colegas seus: no suicídio. O pai pode ser o primeiro a jamais deixar isso acontecer. O pai dá a vida por meio do espermatozoide; deveria mantê-la, nunca tirá-la. Contudo, conheci pais vindo da roça, completamente brutalizado pela vida e analfabeto, mas com muito orgulho dos seus filhos, mesmo aqueles filhos drogados, gays e prostitutas. Como conheci também pais escolarizados, colocando sob tortura, filhos com esses adjetivos. Enfim a figura do pai serve como modelo de comportamento para o menino e também permite que a menina conheça e compreenda o universo masculino. 

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