22 de outubro de 2016

NO ESPLENDOR DA NOSSA MORADA

Foram com os cacos do mundo, paus, barros e sonhos. Com esperança e fé no amor, que erguemos o esplendor da nossa morada na calmaria dos verdes clorofilas, oxigenando a vida entre rios e montanhas. Prateleiras, um catre e um fogão para ver a transformação da vida em vida, para conter a friagem que desce pela serra ao cair da tarde. Um punhado de nadas é mobília do viver, na morada em que os gozos tímidos fazem parir e amamentar o amor que nutre a vida.

Levitando sobre amparos e caibros a casa tem o esplendor do amor que vive de si mesmo e dos afagos de Deus. No lombo da montanha a vida é um riacho quieto. Nessa hora o dia deita-se no mundo aquarelando todos os verdes-azuis em reflexo da divindade, na elegância esguia das árvores. Um júbilo de luz que se ergue da paisagem uns cheiros alados de virgindade, celebra o ser das coisas no instante.

De mais longe, a casa acocora-se para brincar de nada entre as grandezas do verde. Um dia não haverá mais diferença entre o esplendor do amor com a nossa morada, que se firmou entre os sonhos e as serras. A fé e os destinos aninhados no vale. Uns vivem o amor, outros desvivem, condenados pela dor do egoísmo. Sendo assim, no frio das terras altas, muitos desistem e fazem a travessia final e se enfeitam de esquecimentos. É o Adeus para quem fica.

Portanto, lá no vale, a fé e os destinos cintilam ao meio dia. A árvore de Ipê se ergue e doura, emoldurando as vidas que vêm e vão como bandeira hasteada pelo espírito do mundo. A vida põe delicadezas e elegâncias, põe suspiros de candura em portas ínfimas. Contudo, eternizar esse nada é tudo que nos resta. 

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