27 de janeiro de 2015

UM CONVITE AMOROSO E SEDUTOR

Com o passar dos anos venho aprendendo cada vez mais sobre a importância do amor na vida das pessoas. Muito do que escrevi sobre essa temática resulta de minha experiência como educador, com os jovens e adolescentes. Por outro lado a minha vivência junto às pessoas de diversas atividades, em diferentes cidades, principalmente aquelas que visito para divulgar o meu livro ou dar oficina de leitura. Porém, outro tanto soma com o meu conhecimento acadêmico, mais precisamente com os filósofos e pensadores que entrei em contato através da literatura. Tratam da questão do amor com profundidade. Entre tantos cito alguns, a começar por Platão (427-347 a.C.), Arthur Schopenhauer (1788-1860), Michel Foucault (1926-1984) e o educador Leo Buscaglia (1924-1998).

Os relatos contidos nesta reflexão objetivam enfocar as situações tal qual acontece no cotidiano das pessoas. As modificações realizadas para a apresentação neste ensaio têm como função preservar a intimidade a mim confiada, dentro ou fora do campo educacional. Evidentemente, que também implica a minha experiência como homem apaixonado e que viveu um pouco desse êxtase no paraíso dos amantes. Também tive minhas experiências amorosas como muitos. Hoje posso dizer que sei um pouco do amor, esse nobre sentimento que faz bem a nós humanos, pois sem amor a vida não tem sentido, o nosso combustível para viver em paz é o amor. Porque o amor é paz e aconchego.

De modo algum esta reflexão significa sabedoria sobre o tema amor. Indica sim, empenho de compreender o amor, sentimento profundo e essencial à vida, embora parcamente estudado nas escolas e universidades, onde o educando é levado, em geral, a uma formação dessensibilizada para a afetividade. A educação praticada hoje está longe da comunicação amorosa, quer nas famílias, quer nas instituições educacionais. Em geral, o academicismo, desnudo de sentimentos mais elevados, embota a consciência integral, impedindo a manifestação do ser cósmico que transcende qualquer pensamento. O amor é um impulso de vida, portanto, incontrolável e irracional. Minha mensagem é simples: “o melhor prazer ou presente do mundo é um ser humano caloroso, vibrante, que nunca esgota”. O verdadeiro amor é um fenômeno humano.

A maioria dos centros educacionais funciona como espaço de imposição e transmissão do conhecimento, quando poderiam constituir lugar de encontro e de apropriação do saber. Nesta estrutura, cabe aos jovens apenas a assimilação de conteúdos com o mínimo de questionamento e envolvimento. Até porque o ser humano se manifesta não apenas pela racionalidade, mas também pelos sentimentos. É a integração harmonizada entre pensar e sentir que lhe garante a condição de consciência e transcendência. Os centros educacionais na sua maioria informa, mas não forma. O amor tem sido realmente ignorado pelos professores. As pesquisas nos mostram. Este assunto pouco ou quase nada se fala nos livros de psicologia, sociologia, antropologia e muito menos na filosofia.

Entretanto, esta reflexão é uma evocação do que pode haver de melhor em cada um de nós. Como diz o filósofo e educador Cesar Nunes: “somos um corpo sexualizado, é com esse corpo que nos apresentamos”. É um voto de confiança ao ser humano na sua totalidade cosmológica. É a certeza de que podemos contribuir para a estruturação de uma nova etapa da humanidade, em que o amor seja a linguagem predominante. De modo geral, somos incentivados ao cultivo do medo, do negativismo, da baixa autoestima e, sobretudo do egoísmo. Aqui desejo reforçar a ideia de que podemos transformar nossas vidas em projeto amoroso ainda que o contexto apresente dificuldades. Quero acreditar que o amor nos chega através de alguma força misteriosa da vida.

Portanto, somos capazes de alcançar estados mais elevados de consciência. Tudo depende de reconhecer o estágio em que nos encontramos e buscar, com discernimento, novos rumos existenciais. Seguir em frente, com vontade inquebrantável, cultivando expressões amorosas, permite a descoberta do amor e sempre mais amor em nossas vidas. Não é somente por meio do intelecto que evoluímos; fazemos, sobretudo pela amorosidade, processo integrativo de todas as potencialidades do ser, profundamente voltado para a sabedoria derivada da mãe natureza. Contudo, o antigo adágio grego escrito nos portais da escola socrática, “conheça-te a ti mesmo”, é a síntese de toda a busca de pacificação íntima, sem a qual ninguém pode amar de modo incondicional ou encontrar o amor em estado de mais pureza. Se o seu caminho é o amor, o fim não tem importância, o processo terá coração. 

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