13 de setembro de 2013

EDUCAÇÃO REFÉM DA MEDIOCRIDADE

Certa vez lendo um texto do filósofo e educador Rubem Alves (1933), sobre educação, descobri que sou professor por vocação e não por profissão. Gosto de dar aula, primeiro porque gosto de gente e segundo, porque sou amante do conhecimento, do saber com provas, procuro sempre interagir com os fotos da natureza na sua totalidade. O conhecimento não tem fronteiras, cada descoberta é uma nova aventura. Digo sempre que: “quanto mais eu sei, mais eu sei que menos eu sei”. Ao adentrar a uma sala de aula é sempre instigante e desafiador, tanto para professor, como para os alunos, é um mundo novo e não sabemos onde isto vai nos levar. Sabemos que após frequentar uma sala de aula, nunca mais voltaremos a ser o mesmo. Inicia-se aqui uma nova etapa da vida, a da aprendizagem, a busca do conhecimento lógico e organizado. Afinal, nós educadores também aprendemos com os alunos. É na sala de aula que começamos aprender o que é de fato viver e conviver em comunidade.

Entretanto, a grande dificuldade é que na maioria dos casos, os professores são pessoas que, além de não gostar de alunos, tem uma inteligência mediana, porque são mais técnicos e pouco criativos. Segundo argumenta o filósofo e educador Luiz Felipe Pondé (1959), que a maioria dos professores quando jovens foram alunos medíocres  por isso que foram estudar ciências humanas porque sempre foi mais fácil entrar na faculdade nesses cursos, que na verdade, estão preocupados em formar tecnicistas e burocratas. As faculdades por sua vez, não estão preocupadas em formar pesquisadores, porque o foco é nos resultados e não na formação. Albert Einstein (1879-1955) disse: “o homem de ciência, descobre os fatos da natureza, mas o homem de consciência realiza valores dentro de si mesmo”.

Hoje o que encontramos na educação, com muita frequência é professor fracassado que ganha mal e odeia alunos. Sem falar de professores que normalmente não gostam de ler e muito menos de estudar, mas criticam os alunos por colar da internet o trabalho pronto, solicitado pelo mestre. Talvez pela própria incompetência do professor que não sabe despertar no aluno o gosto pelo estudo ou até mesmo, por falta de conteúdo do nosso divino mestre. Sem falar da falsa modéstia de alguns professores que fingi o tempo todo que acreditam na importância da educação e no seu papel impecável de educador, que o transformou em omisso e bem adaptado pelo sistema que o apresenta.

Se levarmos em conta a enorme insegurança à própria capacidade intelectual de cada professor, teremos o perfil do quanto vai mal a nossa famigerada educação. Tal insegurança associada principalmente a falta absoluta de originalidade desses profissionais, que normalmente vem junto a falta de conhecimento da maioria dos alunos. Isto implica em grande parte o quanto nossos alunos também são medíocres. Ainda existe aquele profissional da educação que persegue os colegas professores porque pensam diferente ou porque são melhores do que os demais.

Para o filósofo e educador Pondé, nada é mais temido por um covarde do que a liberdade de pensamento. Toda forma de totalitarismo só sobrevive graças às hordas de inseguros, medíocres e covardes que povoam a educação e o mundo da cultura, assim como também da arte. Porém, é comum nas escolas tanto nas estaduais, como municipais e privadas. Todo o começo de cada ano letivo (como final de ano, que todos vestem branco para a chegada do ano novo) aparece em horda a mediocridade também vestida de branco, trazendo bonitas e novas teorias pedagógicas que logo no primeiro semestre morre na praia, apresentando um rendimento insatisfatório na sala de aula. Normalmente com baixíssimo impacto e pouco ou quase nada a ver com o contexto educacional e com a realidade dos alunos.

Entretanto, basta analisarmos as estatísticas, pois as pesquisas estão ai para comprovar a cada ano a péssima qualidade do ensino no Brasil, através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que mais de um milhão de jovens, com idade entre 12 e 17 anos, não sabem ler e nem escrever. São os chamados analfabetos funcionais, lê mais não entende o que leu. Consequentemente esse agravante tem como base às leis que asseguram, através da Constituição Federal, o direito a todos os cidadãos ao estudo, mas estas leis não são capazes de garantir uma política educacional eficiente com escola de qualidade para qual o jovem se sinta atraído.

Todavia, essas teorias sempre aparecem revestidas de burocracia da produtividade e do corporativismo. Contudo, a progressão continuada segue seu curso natural, fazendo de conta que ensina e formando medíocres para continuar a mesma politica educacional. E o estrago continua, fazendo vitimas e aumentando a miséria. A suspeita de que a mediocridade reina entre os funcionários da educação e do intelecto aparece, por exemplo, na obra de dois grandes intelectuais do século XX. Northrop Frye (1912-1991), que foi um critico literário canadense e Russell Kirk (1912-1994), filósofo político, critico social e literário, historiador influente do pensamento conservador americano.

Northrop Frye, na introdução do seu livro Código dos Códigos, um monumental tratado sobre a Bíblia, como grande matriz da literatura ocidental, argumenta que a universidade é tomada por pessoas de personalidades insegura e medíocre que se escondem atrás de teorias consagradas a fim de garantir seu espaço intelectual nas instituições do conhecimento. Não apenas as universidades, mas também a mídia é povoada por pessoas que afirmam o que a maioria quer ouvir, porque isso garante adesão e reduz riscos e confrontos. O chamado politicamente correto, segundo o filósofo e educador Pondé. 

Por outro lado, temos o filósofo e historiador Russell Kirk, que faz uma critica dura aos profissionais da educação. Argumenta ele que “um funcionário como esse teme antes de tudo a inteligência, por isso age de modo violento quando a percebe, muitas vezes em nome do coletivo e da burocracia”. “Desconfio de todo mundo que usa a palavra coletivo numa reunião de professores”, afirma Pondé.

Por conseguinte, juntando esses dois argumentos, chegamos à mediocridade coletiva que caracteriza a vida intelectual e acadêmica. Nada há de se esperar da educação, enquanto permear essa mentalidade tecnicista e impregnada do politicamente correto. O propósito primário de toda boa educação, é o cultivo do intelecto e o despertar da imaginação e a criatividade do próprio aluno, para seu bem estar e de toda comunidade. Não podemos virar as costas e nos deixar ser esquecidos, nesta era massificada em que o Estado aspira a ser tudo em tudo. É preciso que se faça eco, mostrando que a educação genuína e verdadeira é algo além de mero instrumento de plataforma política e cabide de emprego. Um povo educado é um povo civilizado.    

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