16 de junho de 2013

O ESCRITOR E SUAS CRÔNICAS


O que torna um simples escritor em alguém reconhecido pelos seus escritos? O que faz o leitor ficar admirado com as palavras escritas em uma crônica, um conto ou um livro? Todavia, essas questões parecem fáceis de responder, mas aquele que se dedica constantemente a arte da escrita sabe que não é tão simples assim. Quando entramos no mundo da literatura, um pouco mais subjetiva, como é o caso da escrita, surge uma grande armadilha. Nem sempre os bons escritores que produzem textos de qualidades, serão reconhecidos. Em tempos onde a internet domina as fontes de conteúdos, torna-se cada vez mais raro encontrar conteúdos de qualidade, mas eles existem. Foi assim que compreendi que o escritor é todo aquele que se dedica parte do seu tempo às letras, seja como profissional ou por lazer. Descobri que escrever é uma liberação da mente, pois, escrevendo, damos asas a imaginação e a criatividade, é onde não existem limites, rompemos com as barreiras do tempo e do espaço. Quando escrevemos, nossa imaginação nos leva ao mundo da fantasia e dos sonhos, onde podemos ser o que quisermos.

Entretanto, um escritor não precisa ter a missão de salvar o mundo, mas deve carregar a responsabilidade de ser honesto consigo mesmo e com os seus leitores, pois um dia seus escritos podem ser lidos por pessoas que gostem de suas ideias. Que através do que o escritor escreve, possa promover mudanças em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores. Todavia, o escritor pode nos fazer chorar, rir, sentir medo. Pode nos fazer repensar e até mudar de ideia. A grande virtude do escritor se encontra na sua capacidade de nos levar a viver ou partilhar emoções e experiências, conhecendo lugares e costumes, sem que precisemos sair de casa ou do conforto da cabeceira da cama. Contudo, um bom escritor nos deixa profundamente triste quando a história termina. Principalmente quando deparamos com escritores do arcabouço de um: Luis Fernando Veríssimo, Lya Luft, Fernando Pessoa, Mario Quintana, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Ariano Suassuna, Inácio de Loyola Brandão, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Rubem Braga, Lygia Fagundes Telles e tantos outros romancistas, cronistas, poetas, historiadores, entre anônimos e conhecidos. Todos eles afinados na inspiração e tomados de muita sensibilidade, com palavras fáceis na hora de descrevê-las.

Escrever, embora seja uma experiência solitária, é também viajar no tempo através do pensamento. No entanto, o escritor é um criador de imagens, personagens, fantasias, que nos leva a navegar pelas histórias de vidas reais ou inventadas, solvendo em palavras. É escrever como que dialogando com o leitor. Levá-lo a imaginar e pensar em uma prosa gostosa em algum lugar pitoresco e cercado de belezas naturais, que pode ser um parque ecológico, a beira de um lago, rodeado de montanhas e florestas nativas. Ou quem sabe, numa sala aconchegante sentado em uma poltrona de balanço confortavelmente relaxado. Afinal, ler um livro é o mesmo que estar conversando com o escritor, ambos estão em sintonia. No livro “O Mundo de Sofia”, também acontece uma prosa em forma de bilhetes e cartões postais, que foram mandados do Líbano por um major desconhecido, para a estudante Sofia. O mistério que envolve os bilhetes e os postais é o ponto de partida deste fascinante romance sobre a história da filosofia.

Com o surgimento da internet, isto é, com o advento desse espaço virtual, jovens e crianças tem perdido o contato com os livros, passando grande parte do tempo na frente do computador. Com isso, o acesso ao mundo letrado tem diminuído consideravelmente, e com ele as vendas dos artigos literários. Ler é importante para o desenvolvimento do raciocínio, para desenvolver o aspecto critico do leitor, criando novas opiniões e estimulando sua criatividade. Quando lemos, nos reportamos para outros lugares, como se estivéssemos viajando no tempo e no espaço. As riquezas literárias são muitas, podendo estar divididas em textos científicos, que comprovam as teorias, e textos literários do tipo romance, crônicas, comédias, poemas, poesias, biografias, novelas, filmes, obras de artes, literatura de cordel, histórias infantis, histórias em quadrinhos, dentre vários outros.

As características necessárias para ser um escritor, o individuo precisa gostar de leitura, de pesquisar e de escrever. É fundamental o raciocínio abstrato, o espírito investigativo, ter capacidade de análise e de interpretação. Se alguém desejar seguir a carreira de escritor, precisa ler bastante, conhecer as correntes literárias e o seu contexto. Não ter preguiça de mexer no texto até que ele fique de acordo com a mensagem proposta e chegue com clareza ao leitor. Por conseguinte, ao comunicar-se com alguém por escrito, o autor poderá ter diferentes intenções. Se o escritor pretender formar na mente do seu leitor a imagem de um objeto, de um lugar ou mesmo de uma pessoa, com suas características de formas, cores, luzes, sons e imagens, ele estará levando o leitor a uma viagem imaginária através da descrição. Um estilo literário muito usado nos romances. Por outro lado, se o escritor só tiver a intenção de contar um ou mais acontecimentos, pode ser reais ou imaginários, envolvendo pessoas, fatos, lugares, ele estará escrevendo um texto narrativo, ou seja, uma crônica. O habito de narrar histórias é tão antiga quanto à humanidade, um fato inseparável da nossa vida diária. Sempre temos alguma coisa para contar ou escrever sobre nossa história particular.

Para sermos capazes de ler e interpretar sentimentos humanos descritos em linguagem humana precisamos ler como seres humanos plenamente compenetrado na história. O hábito da leitura se justifica por uma razão muito simples. Na vida real, não temos condições de conhecer tantas pessoas, com tanta intimidade; porque precisamos nos conhecer melhor; porque necessitamos de conhecimento, não apenas de pessoas ou de nós mesmos, mas das coisas da vida. Contudo, o escritor é como uma vela acesa pelo afeto e pelo gosto de toda a humanidade. O povo que é, e não as universidades, o lar do escritor. Como disse o escritor, poeta e filósofo americano, Ralph Waldo Emerson (1803-1882): “os melhores livros levam-nos à convicção de que a natureza que escreveu é a mesma que lê”.

Somos mais do que uma ideologia, sejam quais forem as nossas convicções, ela representa o nosso ideal de vida. Quando a gente chega aos sessenta anos, não se deseja ler mal, assim como não se deseja viver mal, pois o tempo é implacável. Entretanto, o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), considerado o maior escritor do idioma inglês, nos lê mais plenamente do que nós o lemos. Autor algum exerceu controle da narrativa como ele o fez, o que desafia qualquer contextualização imposta às suas peças. Ao ler a sua obra é que percebemos os atributos desse grande poeta e dramaturgo. Podemos dizer que Shakespeare, escrevia sobre os conflitos de gerações com autoridade e conhecimento, muito mais de que qualquer outro escritor de sua época. Falava das diferenças entre homens e mulheres, de conflitos que abalavam as famílias tradicionais. Entre suas obras mais conhecida estão a história de amor de Romeu e Julieta, filhos de famílias diferentes que se odiavam. A ironia desse escritor é a mais abrangente e dialética de toda literatura ocidental. No entanto, essa ironia nem sempre nos promove a meditação das paixões dos personagens, de tão vasta e intensa que é a gama de emoções demonstradas nos seus textos.

Portanto, o escritor é aquele personagem que escreve com o intuito de se dirigir à liberdade dos leitores, e a solicita para fazer existir a sua obra. Mas não se limita a isso e exige também que eles retribuam essa confiança neles depositada, que reconheçam a liberdade criadora do escritor. Porém, existe por trás dos diversos desígnios dos escritores, uma escolha mais profunda e mais imediata, que é comum a todos. Cada uma de suas percepções é acompanhada da consciência de que a realidade humana é desvendável. Sobretudo, ao encontrar com uma paisagem e descrevê-la, em forma de crônica ou conto, o escritor sabe perfeitamente que não é ele que está criando. Mas, também sabe que sem a presença dele, as relações que se estabelecem diante dos seus olhos entre as árvores, os pássaros, os rios, as montanhas, ou mesmo nos grandes centros urbanos, observando pessoas em ritmo alucinante e automatizado. Em absoluto essas coisas não existiriam para nós, sem o olhar atento do escritor. Contudo, o prazer de ler um texto é tentar entender como o autor construiu aquela narrativa que nos fez emocionar. É fascinante a figura do escritor por ser esse sujeito que fica observando as coisas, um pouco fora dos acontecimentos, com uma capacidade de refletir sobre elas e transformá-las em suas crônicas.

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