14 de abril de 2012

TODO SER É IMUTÁVEL NA ESSÊNCIA

Vivemos num mundo moderno onde tudo passa mais ou menos rapidamente. Percebemos a mutação e ao mesmo tempo sentimos que não estamos estáticos. Mudamos o tempo todo e, contudo não acreditamos no Amor eterno. Pois a cada momento somos outro. Essa tese já foi defendida pelo pré-socrático Heráclito, onde tudo flui tudo passa tudo se move sem cessar, a noite torna-se dia, o dia torna-se noite, o úmido seca, o seco umedece. Assim, para Heráclito, a Essência verdadeira está na transformação. Será que Heráclito estava certo?
Para o pré-socrático Parmênides, ao percorrer o caminho em busca da verdade, através da razão vamos perceber que o que é, é e nunca poderá deixar de ser. Todavia, quando se Ama é na Essência que o Amor se faz encarnado, tendo em vista que tudo flui e se transforma, o novo fica velho e morre. Somente o Amor não envelhece por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar.
São dois os caminhos percorridos por Parmênides, primeiro o caminho da verdade, que nos faz conhecer o fato em si, isto é, o movimento pelo qual algo se mostra ao nosso conhecimento plenamente. Um segundo caminho é o da opinião, que é considerado por Parmênides como algo desprezível, como um ponto de vista qualquer, individual e que nunca poderia corresponder à verdade. Muitas pessoas condenam o Amor, exatamente por fincarem o pé nas opiniões, são guiadas pelas aparências. Entretanto, ao escolher o caminho da opinião, a pessoa torna-se refém da mesma, sendo manipulado e tendo o seu pensamento impedido de chegar à verdade.
Através dos sentidos, as pessoas percebem os mais diversos fenômenos naturais, constatam mudanças nas suas relações diárias e nos seres vivos em geral, isto é, testemunham um mundo que está em constante transformação. Segundo Parmênides, entretanto, o que é percebido pelos sentidos não permite que a pessoa conheça realmente a verdade, o Ser verdadeiro e universal. Mesmo ao encontrar um grande Amor, tudo pode se perder principalmente se a pessoa pautar a sua vida nas opiniões e nas especulações de suas fantasias. Contudo, a Filosofia Antiga não tem as opiniões como base, somente os fatos.
Por outro lado, Parmênides afirma que o Ser é imutável e eterno, porque, se sofresse uma transformação qualquer, teria de deixar de ser, isto é, para tornar-se outra coisa. Isto seria impossível, pois nada pode surgir do que não é. Assim como ninguém pode dar Amor se nunca soube o que é Amar. Ninguém pode dar aquilo que não tem e muito menos acreditar que alguém possa lhe Amar.
Entretanto, é uma verdade geralmente aceita pela Filosofia, assim como é incontestável para as ciências humanas que o ser humano tem uma faculdade espiritual. Desde o nascimento até a morte somos únicos na Essência. Apenas a energia vai-se renovando. Desprendemos energia e a recuperamos pela alimentação e respiração. A cada sete anos renovamos totalmente a energia corporal, desde a unha ao fio de cabelo sofrem mutações. O corpo que temos aos sessenta anos é o mesmo que tivemos aos vinte anos e também ao nascermos. Se olhar para uma foto de alguém quando tinha cinco anos de idade, certamente notará a diferença se a pessoa hoje tiver cinquenta anos. Apesar da energia material que o compunha, ter-se muitas vezes renovado totalmente é muito gratificante. Essa pessoa hoje carrega os mesmos condicionamentos, a mesma herança psicofísica, a mesma carga genética, inclusive a mesma cicatriz caso tenha alguma de infância. Com diferente energia material, mas com o mesmo corpo individual. Todo ser vivo sofre mutações sem deixar de ser ele mesmo. Tem pessoas que envelhecem juntas e continuam se Amando, mesmo depois de tantas mudanças corporais.
Por conseguinte, a sabedoria permeia essas duas linhas de raciocínio. De um lado Heráclito com sua teoria de que tudo flui e nada permanece o mesmo. Por outro lado Parmênides afirma que se existe o ser não é concebível a sua não existência. O ser é e nunca vai deixar de ser. Na Essência, desde o nascimento até a morte serei o mesmo Eduardo Morais, o que muda é a nossa energia corporal com o passar dos anos.
Portanto, é possível viver um Amor eterno e com Sabedoria. Há muitos caminhos para se chegar ao Amor Divino, mas um dos mais floridos é o caminho do Amor Humano entre as pessoas que se reconhecem e se respeitam nas suas Essências. Quando duas pessoas comungam o mesmo Amor, identificados num só querer, dois corações que batem no mesmo ritmo, podem se dizer sábios. No entanto, a Sabedoria é a luz do Amor e o Amor é o alimento da Sabedoria. Quanto mais profundo for esse Amor, mais se tornará sábio. Amando verdadeiramente, nos tornamos melhores, e quando estamos melhores é possível dizer que nos tornamos mais sábios e verdadeiros amantes da Essência Humana. É isso que permanece. O nosso corpo envelhece com o passar dos anos, para a Essência o tempo não existe. Enfim, o Amor é o símbolo da nossa própria existência. Vamos compartilhar nesse Amor.     

   
          



3 comentários:

  1. Ola Eduardo,muita coisa boa para ler por aqui..vou aprender muito com voce. Obrigada por permitir meu acesso ao seu espaço. Abraços Luciana

    ResponderExcluir
  2. Passando por aqui todos os dias antes de dormir...Ler voce é algo que nos toca profundamente,emociona, ensina e esclarece..Voce é amor em forma de gente,ja te falaram isso?
    Tenha uma otima semana.Beijos

    ResponderExcluir
  3. Amo Filosofia Antiga! <3

    ResponderExcluir

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...