4 de dezembro de 2011

OS MISTÉRIOS DA VIDA

O existir por si só já é algo misterioso. Afinal, quem somos nós? Qual o sentido das nossas vidas? O que significa dizer que somos livres?  E até que ponto nós podemos conhecer essa realidade? Eis aqui está a nossa existência em questão. Pois tais interrogações, dentre tantas outras, incidem sobre a compreensão que possamos ter das nossas vidas, como das nossas relações com os outros e afetam a nossa visão do mundo, se nós pararmos para pensar em desvendar tais mistérios.
Todavia sem nos acomodarmos, só faz perguntas quem questiona a pretensa obviedade das coisas. Para tanto, precisamos saber que não sabemos algo. E isso nos põe em condições de aprender.
Por isso, dentre outras razões, o filósofo é amigo da sabedoria. E aquele que é amigo, que ama a sabedoria, sabe que a cada encontro de uma ideia surge um novo ponto de partida e, que ela não está acabada. A filosofia, desde as suas origens, na Grécia Antiga, requer uma mutação do olhar e de nossas relações com a vida e com o conhecimento. Nesse caso, será preciso exercitar um certo estranhamento diante da realidade, desde as coisas mais simples ou aparentemente sabidas. Há aqui uma atitude, onde o pensar é desafiado a ir além de si mesmo. O ponto de partida é a perplexidade e admiração frente a essa realidade, sendo assim, a filosofia torna-se um convite ao diálogo.
Para o filósofo e educador Sérgio A. Sardi, dialogar envolve um aprendizado de escutar o outro e, dada essa condição, a cooperação em uma construção conjunta do conhecimento. É bom que se diga, em um diálogo não disputamos ideias, mas, em solidariedade investigativa, acompanhamos o raciocínio do nosso interlocutor, testando hipóteses, observando contradições, construindo novas formas de abordar um tema, conhecendo o nosso próprio processo de conhecer. Mais que isso, dialogar é ouvir também o silêncio das vivências que impregnam as ideias e as interrogações do outro, para que possamos partilhar um caminho a seguir.
Ao filosofar fica patente a forma como cada um de nós se relaciona com a sua existência e com o seu crescimento. Entretanto, assim surge um convite a pensar naquilo que é, que ainda não pensado, a ir ao encontro dos nossos próprios limites e da nossa condição de superação.
Portanto, esse convite em direção ao alargamento de nossos horizontes de sentido põe em jogo as nossas relações com os outros, com nós mesmos, com o meio ambiente e com o conhecimento. O caminho, porém, é duplo, e um trabalho interior interage com as relações educativas que matemos com os demais. Pois a jornada de nossas vidas nos faz simultaneamente sós e acompanhados, quando conjugamos a aventura de ser EU com essa outra pessoa, a de sermos também NÓS na gradativa descoberta e invenção do sentido de nossa condição humana. Contudo, se nos dispomos a buscar o sentido da vida, deveremos tocar de algum modo, em seus mistérios. Só assim poderá tornar a vida ainda mais interessante e fantástica.         

Um comentário:

  1. Anônimo11:13

    Sem palavras como sempre um filósofo que responde perguntas que fazemos diariamente a nós mesmos.

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