O
primeiro amor nem sempre chega na ordem certa. Às vezes, ele vem quando a alma
já carrega cicatrizes e o tempo já desenhou histórias em nossa pele. Mas há
algo mágico nisso: os amores tardios trazem uma intensidade diferente, um calor
que não queima, mas aquece um refúgio onde o cheiro é de lar e os beijos têm o
sabor exato de cereja com romã.
Quando
acumulamos fracassos sentimentais, sentimos que nosso coração, outrora vivo e
pulsante, se tornou pedra e afundou no poço do desencanto. Mas o amor, quando
verdadeiro, nos prova que até as pedras podem florescer.
Com
o passar dos anos, podemos nos enxergar como frutas maduras, ligeiramente
marcadas pelo tempo. Mas é preciso lembrar: o sabor mais doce vem da
maturidade, não da imaturidade. O que nos define não são as feridas que
carregamos, mas a capacidade de sentir, de desejar, de nos entregar sem medo.
Nesse
encontro, ninguém precisa renunciar ao passado. Ele simplesmente coexiste,
assim como nossas cicatrizes e rugas, que contam histórias de vida e não de
fraqueza. Porque o amor maduro não entende de idade — ele compreende apenas a
alma.
Então,
não importa se o primeiro amor não chegou na juventude. A vida nunca segue uma
ordem perfeita, mas sempre tem um jeito maravilhosamente caótico de nos
surpreender. E enquanto tivermos sonhos e um coração que se recusa a
envelhecer, sempre haverá espaço para um amor que chega no tempo certo, mesmo
que esse tempo seja agora.
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