Talvez um dia eu me esqueça,
dos nomes, dos lugares, dos porquês. Talvez minhas mãos não saibam mais onde
pousar. E meus olhos vagueiem por rostos familiares sem encontrar abrigo no
reconhecimento. Talvez eu não saiba mais quem eu sou.
Mas ainda assim, terá valido
a pena ser. Porque a história que vivemos não depende só da memória. Ela mora
em outros. Mora em quem ouviu meu riso e se sentiu mais leve. Em quem chorou
comigo e se sentiu menos só. Em quem eu toquei com presença, com cuidado, com
verdade.
Se um dia a lembrança me
abandonar, espero que o amor que dei ainda permaneça. Porque o amor não se
apaga. E quando já não puder contar a minha própria história, que ela continue
sendo contada por quem fui abrigo. Por quem fui passagem, nesse trem da vida. Por
quem me amou, mesmo quando eu já não sabia mais o que era amor.
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