15 de novembro de 2021

AMOR E DOR CAMINHAM JUNTOS

Como quer que pensamos o amor, encontramos nele a ideia da ultrapassagem de um estado natural originário, de unidade e satisfação superiores, quase divino, rompido por uma falta cometida pelo homem que o leva ao decaimento na finitude da sua condição propriamente humana (por exemplo, Adão e Eva).

Acrescente-se a isso a nostalgia de retornar àquele estado através da fusão com outro, tendo por base a relação sexual e a procriação, ou a simples “trocas dos corações”, como no amor trovadoresco.

Os mitos de Adão e Eva, os andróginos partidos ao meio de “O Banquete” de Platão, o filho expulso do ventre da mãe, onde repousava imune a todo desejo e desprazer, a proibição do incesto; mas, também as lendas de “Tristão e Isolda”, as tragédias românticas, de “Romeu e Julieta” até “Love History”.

De modo que, quase tudo da poesia lírica ocidental, não cessam de evocar, direta ou indiretamente, a ideia desse estado de fusão que faz de duas pessoas, tornar-se uma e, simultaneamente, a sua absoluta impossibilidade, porque ele implicaria o retorno a uma condição originária doravante interditada aos humanos.

Portanto, no amor a face do outro é o espelho onde compreendemos no mais alto grau possível o que significa humanidade porque amo sua vida humana, se o amor é autêntico, amo o que ele é, não o que ele tem (riqueza material ou um corpo bonito). O amor é parte de um prazer que o filósofo alemão Schopenhauer, chamava de prazer negativo. O amor funciona como um remédio para sensação desagradável de desamparo.

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