Como argumentava o filósofo e teólogo São João da Cruz: “o amor é uma
doença que, nas minhas palavras, só se cura com aquilo que chamaria de ternura
essencial”. Reiterando as palavras do místico poeta, vou um pouco mais
além, citando outro grande filósofo e teólogo Leonardo Boff (1938): “a
ternura é a seiva do amor”. Penso que se cada um quiser guardar, fortalecer
e der sustentabilidade ao amor, que seja terno para com quem se ama. Sem o
azeite da ternura não se alimenta a chama sagrada do amor, certamente ela se
apagará.
Lembrando que ternura não é simplesmente uma emoção, excitação de
sentimento face ao outro. Porém, se assim fosse seria sentimentalismo que é um
produto da subjetividade mal integrada. O sujeito que se dobra sobre si mesmo e
celebra as suas sensações que o outro provocou nele. Nunca sairá de sim mesmo,
ao contrário, a ternura irrompe quando a pessoa se descentra de si mesma e sai
na direção do outro, sente o outro como sendo parte da sua essência, participa
de sua existência, se deixa tocar pela sua história de vida.
A ternura não é efeminação e renúncia de rigor. É um afeto que à sua
maneira nos abre ao conhecimento do outro. Segundo o Papa Francisco (1936),
quando esteve no Brasil, falou na sua homilia para os bispos latinos americanos
presentes no Rio de Janeiro, cobrando-lhes “a revolução da ternura” como
condição para um encontro fraterno e verdadeiro entre os humanos. Só conhecemos
bem o outro quando nutrimos afeto e nos envolvemos com essa pessoa que queremos
estabelecer laços de comunhão amorosos. É aqui que a ternura pode e deve
conviver com o extremo empenho por essa causa.
No entanto, a relação de ternura não envolve angústia porque é livre de
busca de vantagens e de dominação. O nascer do amor se da pela própria força do
coração. É o desejo mais profundo de compartilhar carinhos. A angústia do outro
é minha angústia, seu sucesso é o meu sucesso e sua salvação é a minha
salvação. O amor e a vida são frágeis. Sua força invencível vem da ternura com
a qual os cercamos e sempre os alimentamos.
Portanto, concluo esta reflexão citando um grande bandeirante do amor, o
educador e escritor ítalo-americano Leo Buscaglia (1924-1998). Ele foi
idealizador de um curso sobre amor na Universidade da Califórnia nos Estados
Unidos. Publicou um livro com o título “Amor”. Por coincidência, faleceu
no dia dos namorados, 12 de junho de 1998 e nos deixou a seguinte mensagem: “O
amor tem os braços abertos. Se você fechar os braços ao amor, verá que está
apenas abraçando a si mesmo. Quando você ama uma pessoa, se transforma no
espelho dela e ela no seu. O amor verdadeiro só cria, nunca destrói”. Toque
sempre o coração e a alma de quem você ama. Como dizia Platão: “tudo que
está na minha alma, toca a alma do outro”.
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