O amor é como o sol. Uma nuvem pode escondê-lo, mas nunca apagá-lo.
Quando daqui algum tempo, espero que muito distante, chegaras aos confins do
azul do céu e guardaras justamente no olhar da amada toda cor deste planeta,
que com rosas vermelhas enfeitou o amor que o poeta fotografou. Que alegrou a
beleza dos rios e dos verdes campos por onde a amada pisou. E as canções de
amor que ouvia no silêncio da noite, entre uma melodia e outra o poeta lia nas
estrelas as inspirações que escrevia.
Vem mais um dia semear esperança num coração solitário. Uma semente caída
de uma árvore pode produzir outra árvore, porque a natureza é feita dessa
energia descrita no amor. Só um sonho vagarosamente pela noite adentra e não
amanhece se a realidade não vier contemplar o despertar desse amor. Por esse
passado o poeta e sua amada, viveram a eternidade de um coração inspirado. Como
uma força cósmica, todas as tardes vêm semear esperança neste coração
solitário.
O silêncio para o poeta é marca de sua inspiração. Falar da amada é como
pintar a natureza. Uma música veio seguindo os passos da mulher amada e o poeta
pode ver o brilho em teus olhos, como a cauda de um cometa riscando o céu
estrelado em noite fria de inverno. O balanço da música brincava com o espaço
solitário do poeta, renovando os anos passados em cada nota musical. Ambos não
querem morrer, pois querem ver como será envelhecer.
A mulher amada construiu na cabeça do poeta uma nova moradia. Embriagados
pelo amor da fonte universal, olham o vento brincando no quintal, embalando as
flores do jardim e transformando tudo em sinfonias. Com essa musicalidade do
corpo, é que renova a gratidão de haurir a leveza, que a razão incendeia. Os
olhos é uma janela acesa de vida, que tritura as ansiedades e acolhe gente que
chora como este simples poeta.
Já dizia o poeta: “deixa o rio andar ou empurra um rio abstrato,
mantendo as vidas da vida”. Rasga por dentro uma dor que machuca em cores,
a vida passa como cortes de metal, em vagalhões de mar e luz, misturando o céu
e a terra. Vinda de outras vidas sangra o espírito que o amor espera. O poeta
ouve o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. E as coisas se
transformam em poesia. O poeta entra no universo das coisas e faz amor com as
palavras. Eis que surge a mulher amada e penetra no corpo do poeta e o novo
evangelho se anuncia: “o amor se fez carne”. Agora, ambos estão vivos e
a prova de que permanecem no amor é a saudade que eterniza a memória de seus
corações. Nesses versos mostra que a vida anterior que retorna em forma de dor
que não dói, mas pode ser fatal. Foi assim que pensou o poeta sobre a amada.
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