Estamos
sempre buscando a perfeição em tudo que fazemos. Achamos que sempre há margem
para o aperfeiçoamento, tendo em vista que a perfeição não é um atributo
humano. Mas ela está na natureza das coisas. A perfeição caracteriza um ser
ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito. Designa uma
circunstância que não possa ser melhorada ainda mais em hipótese alguma.
A
perfeição seria o vazio, se a perfeição for realmente à ausência de erros e
defeitos, ela é sinceramente algo desprezível, sobretudo, porque vamos fazer os
nossos erros parecerem certos e, não há como julgar, pois, tudo é extremamente
relativo, existem pessoas que dizem se empenhar na busca da perfeição, todavia,
é um caminho no qual você se machuca a troco de nada, porque onde não há erros
e nem possui defeitos, é algo pelo qual não vale à pena. As pessoas são feitas
de suas escolhas e, o certo e o errado são apenas uma questão de ponto de
vista, se não fossem os defeitos, não existiriam as qualidades e,
consequentemente, não existiria a perfeição. No entanto, nessa linha de
raciocínio, a perfeição é o vazio, o que mais o ser humano teme.
Platão foi discípulo de Sócrates, e um grande venerador da
perfeição. Criou o “mundo das idéias”, que ele afirmava já ter sido habitado
pelas almas, antes de caírem neste mundo material, só não explicou por qual
motivo. Assim, o corpo passou a ser “cárcere” da alma, algo como um estorvo,
cuja única função seria a de nos purificar das imperfeições. No “mundo das
idéias”, está à essência da perfeição, que manifesta sob diversos conceitos.
Nessas idéias, o mundo material é visto como que réplicas imperfeitas, um mundo
de aparências. Cada ser tem por modelo uma idéia, que o supera de muitos, que o
torna diferente e único. Assim, a busca do melhor seria à volta aquela única
realidade verdadeira e inatingível, desligar deste mundo de imperfeições e
fraquezas. Todo ser humano sente saudades do que já foi um dia e não é mais. De
certa forma, essa teoria vai coincidir com a história da humanidade, colocada
pela religião quando faz referência ao paraíso de Adão e Eva.
Vivemos
criando regras e normas para tudo aquilo que fazemos a título de nos
aproximarmos o mais que puder da perfeição. Seria um atrevimento sem precedente
tentar estabelecer normas ou regras de comportamento nos relacionamentos
afetivos. É interessante perguntar as pessoas, principalmente às casadas o
quanto de energia psicológica está sendo consumida por homens e mulheres que
tentam viver em seus casamentos atrás de uma máscara, quase sempre recheada de
intrigas, crueldades e ciúmes.
Quantos
casais se unem levados pela chama ardente do amor que nasce do fundo da alma,
se adoram e até acreditam que nada e ninguém podem separá-los. Quando menos
esperam são traídos pelo inimigo secreto, o ego, essa legião de agregados
psicológicos que destrói a beleza do amor puro e inocente. Essa é a
conseqüência da saída do Jardim do Éden espiritual, terrível seqüela deixada
para nós humanos por conta do mito da perfeição, tornando-se explicito a nossa
imperfeição.
Nós
estamos acostumados a ver o mundo de forma desordenada, de forma restrita e
selecionada. Depois de certa idade não ficamos muito mais exposto ao sol para
não queimar o rosto e envelhecer a nossa pele. Procuramos esconder as feições e
as marcas da pele. Tudo que é desordem, esteticamente falando, causa revolução
interior, seja ela tardia ou prematura.
Temos
uma tendência ao perfeccionismo, que pode se arrastar por tudo que fazemos.
Substituímos o relaxamento pela ansiedade e a satisfação pelo descontentamento
quando algo não sai perfeito como desejamos ou queremos. Todavia, deveríamos
saber que a perfeição verdadeira não é algo que atingimos. Pois ela é um estado
que floresce espontaneamente. Eu diria um senso de plenitude e de unidade que
vem do coração.
Entretanto,
os textos yóguicos nos falam que
tudo no mundo surge a partir da energia que está contida dentro do shakti, que é uma energia plena,
completa e perfeita que está presente em todas as formas de pensamentos e
estados do Ser. Contudo, contrasta
com a nossa idéia ordinária de perfeição. Nos nossos discursos diários
procuramos o perfeito, que significa sem defeito. Tendo em vista, que a
perfeição é um objetivo humano e não um presente genético. Vivemos em uma
sociedade em que a mídia escrita e televisava, insiste que podemos e devemos
pagar o preço para atingir a perfeição. Quando não conseguimos fazer as coisas
perfeitamente como cobramos de nós mesmos, logo pensamos que deve haver algo
errado conosco ou com o mundo em que vivemos. A ironia é que o nosso ideal de
perfeição surge da necessidade do nosso ego de explicar e controlar tudo a
nossa volta. Contudo, inevitavelmente nos mantém distante da experiência da
perfeição e com isso sentimos medo de falhar e não ser aceito. Somos o tempo
todo, julgados e controlados por todos, não porque acham que estão certos, mas
por medo de não estarem certos. A perfeição está dentro de cada ser humano,
naquilo que ele está buscando. Mas o medo da imperfeição e de falhar nas suas
circunstâncias particulares é o que faz ser rigoroso consigo mesmo.
Portanto,
a perfeição é algo que nunca vamos alcançar e que também, naturalmente nunca
vamos desistir de buscá-la. Talvez porque não aceitamos nossa condição de ser
humano, com todos os defeitos e falhas, que nos é peculiar. Nossa maior
imperfeição é o de criticar o outro, porque é nele que projetamos nossas
fraquezas. Esquecemos das nossas qualidades, que aos olhos de muita gente boa,
torna-se um modelo diferente de perfeição, baseado no que cada um tem de melhor
para oferecer.
Perfeito, só DEUS. Todo ser humano tem defeitos. Quem acha que é perfeito não passa de um lunático.
ResponderExcluirExistem humanos com muito menos defeitos, o que coloca como quase perfeito, único "quase" que significa alguma coisa.
Excluir
ResponderExcluirO Ser Humano é perfeito na sua Imperfeição.
O conceito dialético de perfeição é utópico posto que o seu alcance se consubstancia a partir de uma argumentação do presente, postergada para um futuro desconhecido.
Aperfeiçoar talvez se o verbo que mais se aproxime do conceito de Pefeição, posto que a sua essência está no fato de buscar e lapidar um estado, uma situação, uma forma material ou espiritual a partir de tentativas de melhorar, prover qualidades cada vez mais superiores a tudo o que existe.
A busca de uma explicação efetiva para a Perfeição, é parte da própria cultura humana que independente de Fé, Religião, Credo, e ou Condição intelectual sempre se constituirá na corrida do Homem atrás de si mesmo seja olhando para o seu passado ou vislumbrando um Futuro que se faz infinito.
Fraternalmente
NEWTON AGRELLA