Dizer
que no coração repousa o amor é uma metáfora, pois, quando encontro o outro, posso
estar encontrando o meu oxigênio, se ambos estão encantados pode-se dizer que
vai haver um banquete de amor. Naturalmente, vai acontecer um mergulho na
essência da vida. Significa que encontramos nossa parte perdida. Para o dramaturgo
grego, considerado o maior representante da comédia antiga, Aristófanes
(447-386 a. C.), cada um de nós é um ser pela metade. De um passaram a ser
dois, disso resulta à procura de todos pela sua metade complementar.
Um
dos sentidos da vida, para Aristófanes é unir-se ao objeto amado e com ele
fundir-se, para formarem um único ser, o todo. A razão disso é que, primitivamente,
nossa natureza era assim, nós formávamos um todo homogêneo. A saudade
desse “todo” e o
empenho de restabelecê-lo é o que Aristófanes chama de “amor”. De modo que a saudade é o amor que fica de quem não pôde ficar. É a metade que falta para formar o todo.
Para
ele, a nossa espécie só poderá ser feliz quando realizarmos plenamente a
finalidade do amor e cada um de nós encontrarmos o seu verdadeiro amor,
retornando, assim à sua verdadeira natureza. Repousar é descansar
na cama do deus Eros. O deus do amor. Afinal, qual o nosso conceito de amor?
Para ilustrar, conto uma história de uma criança que não sabia o que era o
amor.
Portanto,
num dado momento da vida, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater
por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com
certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá
descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não
está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse
coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que
precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava para cada um
de nós mortais.
Gostei 👍
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