A
violência vem do medo. E o medo vem da incompreensão e esta vem da ignorância
de muitos. No entanto, a ignorância se combate com educação. De modo que,
educação é preparar a pessoa para o futuro. Pena que os governantes pensam que
isso é instrumentalizar mão de obra para uma indústria que está se
desenvolvendo, instruir para a cidadania de modo que o individuo seja cumpridor
de leis. Mas, se só pensarem desse jeito, nós não teremos muito futuro. Corremos
o risco de formar uma geração, para viver como nós, sendo este um mundo
inviável. Um bom engenheiro, um bom agricultor, o que eles vão fazer? Desmatar
mais terrenos ou plantar mais? Sabemos que isto tem impacto no meio ambiente. Temos
que produzir mais alimentos, mas, não devemos sacrificar uma fonte vital, como
a água e as árvores. O que cabe a nós, educadores, engenheiros e pesquisadores?
Encontrar alternativas, para melhor conviver com a natureza.
A
começar pelo aspecto sensível e espiritual. Na hora em que o homem constrói uma
usina hidrelétrica e cobre um lugar onde estavam as raízes de muitas pessoas,
não percebe a angústia que gerou. A tão falada transposição do rio São
Francisco, se passasse por outra região, beneficiaria mais gente. Há méritos
nisso. Por outro lado, as pessoas que hoje estão perto dele sentirão um vazio
quando ele mudar de lugar. Não estamos pensando no impacto desse vazio quando
ele mudar a médio e longo prazo, como vai ser a vida desse povo que dele
depende. É mais ou menos o que acontece com uma árvore sem raiz. Se bater um
vento forte, ela tomba. Assim se da com o individuo que imigrou para fugir da
seca, para fugir da violência, para buscar novas oportunidades. O que acontece
com ele? Como fica seu passado e sua tradição?
Portanto,
a escola básica tem como responsabilidade valorizar a cultura dos pais desses
alunos. Estimular a curiosidade da criança, pedindo para ela perguntar aos pais,
por exemplo, como era a vida deles quando tinha a idade dela. Como eram as
brincadeiras. Dificilmente uma criança vai para casa perguntar uma coisa que só
os pais sabem. De modo que os filhos dos engenheiros, dos agricultores, dos
educadores e outros profissionais, enfrentam o seguinte problema: a falta de
tempo dos pais. Os pais pagam professor particular, compra notebook de ultima
geração, mas não estuda com o filho. A comunicação continua interrompida entre
as gerações. Ao trabalhar com isso, a escola devolve a dignidade desse futuro
cidadão. Quando os pais se tornam detentores de um conhecimento que interessa
ao filho, ambos se beneficiam. Isso valoriza a geração mais velha e da às
crianças legitimidade para admirar os pais. Vale lembrar, que essa geração mais
velha tem algo a nos oferecer e ensinar. E é nisso que se inserem as tradições.
E neste contexto o papel da escola é fundamental. Tirar-nos da ignorância,
mostrando que o verdadeiro sábio é aquele que sabe que nada sabe.
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