O
mundo não é humano só por ser feito de seres humanos, nem se torna assim
somente porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando nós humanizamos o
que se passa no mundo e em nós mesmos. Todavia, é falando dos nossos
sentimentos que aprendemos a ser humanos. Por outro lado, essa insegurança
afetiva é alimentada pela instabilidade do mercado de trabalho, pelas mudanças
constantes do valor atribuído às posições sociais e às competências do passado,
pela inconsistência dos compromissos e das parcerias. Porém, é neste contexto,
que produz as grandes dificuldades de relacionamento entre os casais, os
familiares e as pessoas em geral. Na “modernidade
líquida”, descrita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925), as pessoas
se sentem desligadas umas das outras e, assim, desejam conectar-se através do
virtual. O que está em jogo é a fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento
de insegurança resultante disso e o dilema entre estreitar os laços afetivos e,
ao mesmo tempo, manter uma distância considerada conveniente. O chamado
relacionamento de bolso, que podem ser usado de acordo com os interesses de
cada um.
No
entanto, as pessoas preferem usar o termo conectar-se, em vez de relacionar-se;
no lugar de compromisso real preferem falar em redes sociais. Nossa cultura
consumista da preferência ao produto pronto para uso imediato, ao prazer
intenso e passageiro, à satisfação instantânea. É as chamadas relações líquidas,
que vai pelo o ralo. O amor, ao contrário, exige equilíbrio, doação e esforços
prolongados. Amor e desejo são irmãos gêmeos, mas não idênticos. O desejo
consome, devora e aniquila. O amor preserva, aprisiona e possui, mostrando que
um está para o outro. Nos relacionamentos afetivos, o lucro pretendido
configura-se em segurança, proximidade, companhia, consolo, ajuda mutua e
apoio. Na verdade, o que amamos no outro é a possibilidade de sermos dignos de
amor. Considerando que isto seja impraticável, como será possível desenvolver a
solidariedade, a justiça e o convívio pacífico que consideramos a única saída
para a humanidade?
Entretanto,
os programas de TV como o Big Brother é um péssimo exemplo, por trazer a
mensagem de que ninguém é indispensável. Os outros devem ser superados e
descartados. São antes de qualquer coisa competidores a serem derrotados a
qualquer custo. As forças da globalização dissolvem o mundo pessoal e os
sujeitos procuram agarrar-se a si mesmo. Tudo isso produz uma luta por sentido
e identidade. A produção e reprodução da ordem social e o progresso econômico
são as principais causas da seleção, do descarte e da exclusão das pessoas que
não se adaptam à nova ordem social. A nudez social e a imaginada comunidade
global são fatores com os quais as pessoas se defrontam diariamente e o único
consolo diante da realidade sombria da modernidade líquida é a constatação de
que a história ainda não terminou e que escolhas ainda podem ser feitas.
Precisamos estimular o diálogo e a abertura ao outro, no sentido de aproximar a
história do ideal de comunidade humana. Lembrando que nossa vida está apoiada em coisas que não passam como: o amor e a esperança.
Portanto,
quando encontrar alguém fazendo coisas diferentes, que você não entende, não o
julgue ou comece a dizer que ele está errado, que é um estúpido, um mentiroso,
um velho fracassado e vazio. Olhe bem para esse ser humano e diga a você mesmo:
“não compreendo muito bem essa pessoa,
mas espero que ela esteja trilhando pelo caminho do bem, assim como também,
espero estar seguindo o meu caminho na direção certa”. De modo que, viver é
consumir-se no “amor” e no “respeito”, dialogar é perder-se no “outro”. Porque, a vida é interpenetração
total das “almas” e da nossa “inteligência”. Amar é mergulhar na
divindade cósmica. Só os egoístas não dialogam por medo de expor sua
fragilidade afetiva. Mal sabem que dialogar é estar um do lado do outro no amor
pleno e conviver na sabedoria. Contudo, se quer conquistar um coração tem que
ter garra e esperteza, não à esperteza que todos conhecem e sim a esperteza de
sentimentos, aquele que temos guardado na alma. Todo coração solitário,
dividido ao meio, reclama pela sua outra metade, que por vontade própria, sem
que precisemos impor nossa vontade, ela retornará para completar o que nos
falta. Agora somos dois numa só carne. Quando isso acontece, valtamos a viver
no paraíso até que a morte nos separe.
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