Vivemos
em um mundo em que os costumes pesam sobre nós como obrigações. Muitas coisas
que fazemos por solidariedade acabam se transformando numa obrigação.
Geralmente não é algo explícito, de alguma forma acabamos percebendo o que os
outros esperam de nós e nos sentimos obrigados a fazê-lo. O problema é que,
quando damos o máximo, dentro do nosso limite, nada disso é valorizado. Isto
contrasta com o que acontece com as pessoas que faz pouco, sendo que o mínimo
que fazem é valorizado. De modo que cada um se valoriza livremente através de
um preço alto ou baixo, e ninguém vale mais do que o valor que da a si próprio.
Portanto, ser livre ou escravo depende de cada um.
Muitas
vezes damos tudo o que temos, mas ainda assim nunca é o suficiente. E quando
deixamos de dar-lhes o que acham que precisam nos acusam de egoístas. É
importante ressaltar que nem sempre essas atitudes são baseadas em egoísmo, mas
em confusão, falta de diálogo e ausência de amor. Quantos relacionamentos
acabaram por falta de diálogo. De modo que dar tudo, pode se transformar em um
fardo para o outro, que imagina que não vai conseguir nos recompensar. Isso, às
vezes, faz com que as pessoas sintam raiva, se afastem ou não saibam como agir.
Não importa o que aconteça, o importante é comportar-se com moderação e não
oferecer muito aos outros. De certa forma, somos nós que definimos nosso preço,
por isso temos que ser cuidadosos na hora de nos entregarmos ao demais.
Como
diz o escritor Paulo Coelho (1947): “Livre-se
dos que duvidam de você, junte-se aos que lhe valorizam e ame a quem lhe apoia
e respeita”. Todavia, se queremos ser livres, devemos nos livrar do egoísmo
ao qual nos sujeitamos. Só porque alguém de quem gostamos espera algo de nós,
não significa que devemos fazê-lo. Temos que desaprender que os sacrifícios nos
fazem pessoas melhores. Agindo assim, estamos desprezando ou negligenciando uma
parte emocional e física muito importante para a nossa felicidade. Quando
alguém nos fere intencionalmente e nos exige algo, esta pessoa não merece
continuar ao nosso lado. Chegou a hora de parar de apoiá-la e manter distância
para não ser contaminado por esse egoísmo. Isso nos deixará mais forte.
Entretanto,
quando analisamos essa situação, é normal sentir-se incomodado ou ferido. Temos
que manter a concentração para sermos cada vez mais construtivos e não
machucarmos ninguém, principalmente a nós mesmos. Não precisamos ser
agressivos, mas assertivo e persistente. Começando com pequenas coisas, para
que possa comunicar suas necessidades sem se sentir culpado. Fale na primeira
pessoa e inicie o diálogo com frases como: “Há
situações nas quais eu me sinto desrespeitado”, em vez de frases como: “Você não me valoriza”. O outro só nos
valoriza se nós mesmos nos valorizarmos. Isso nos ajuda a rejeitar os pedidos
abusivos que não trazem nada de bom, e a perceber o que nos faz bem.
Por
conseguinte, ter sempre em mente que cada um tem o direito de ser respeitado e
deve ficar atento para que ninguém roube a sua capacidade de sentir o quanto
vale e aceitar o reconhecimento que merece. E com o amor não é diferente. Hoje o
amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um tempo de secreto
egoísmo. Somos intolerantes e mesquinhos com os outros. A vida em sociedade é
feita de pequenas e grandes mentiras. Assistimos diariamente as relações de
amizade se deteriorando e o espaço para a solidão aumentando a cada dia. Contudo,
pessoas fechadas no vazio do seu mundo e projetando no outro a razão do seu
fracasso. Sem falar das relações que começam ou terminam sem contato algum.
Analisamos o outro por suas fotos e frases de efeito. Não existe uma troca
vivida. Estamos todos numa solidão em meio a uma multidão. O corpo se inquieta
e a alma sufoca.
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