No livro de Gênesis 4-8, registra a história de Caim
e o seu irmão mais novo Abel que apresentaram ofertas a Deus. Porém, a oferta
apresentada por Caim a Deus foi rejeitada e do Abel foi aceita. Possuído por
ciúmes, Caim armou uma emboscada para seu irmão. Sugeriu a Abel que ambos
fossem ao campo e, lá chegando, Caim matou o irmão. Pelo simples ciúmes que sentia
do irmão em relação aos seus cuidados e amor com as ovelhas. Abel era um
humilde pecuarista, que amava o que fazia. Algum tempo atrás, deixaram um
comentário no meu Blog que dizia o seguinte: “lindo e verdadeiro, pois o ciúme realmente já me afastou de quem dizia
me amar”. Fiquei sabendo depois que, muitos outros pretendentes se
afastaram dessa pessoa. Esta é uma pequena amostra do quanto o ciúme é nocivo
para nossa vida afetiva. Talvez porque ele cega o indivíduo, a ponto de
tornar-se inseguro e covarde. Vale lembrar, que a covardia é mãe da crueldade.
De modo que, estar junto de alguém é uma arte por
demais difícil em nosso mundo, onde as relações afetivas, não são feitas para
durar muito. Nossa total falta de apoio cultural para as atitudes de convívio e
interação. A pessoa amada é, entre outras coisas, um símbolo do outro ou de
todos os outros. Quem está amando, sabiamente trata bem os demais. Na verdade,
o amor é o sentimento concreto de solidariedade humana. Para entender melhor,
faremos a seguinte pergunta: “O que
espera de nós o mundo?” No mínimo que sejamos solidários e amorosos com os
nossos semelhantes. É interessante perguntar quanta energia psicológica está
sendo consumida por namorados e casais que tentam viver em seus relacionamentos
por trás de uma máscara, recheada de intrigas, maledicências e fofocas. Usam
com facilidade a palavra traição sem nada antes provar. Ouviram dizer e nada
mais. A única coisa que a verdade nos pede é que não a julguem antes de
conhecê-la.
Todavia, uma das coisas que a psicologia nos ensina,
é que o indivíduo muito ciumento, geralmente é reprimido na sua
subjetividade, pouco espontâneo, confia pouco nos seus próprios valores. Não
pouco se apresenta como pessoa cheia de culpa e muito rígida em seus valores e,
por conseguinte, torna-se muito controladora e o pior, manipula a todos que
estão a sua volta. Vejo o ciúme como uma animada aventura policial, na qual o
bandido, o cafajeste, o mentiroso, o traidor, é na verdade, a pessoa amada. Se
não fosse trágico seria cômico. Quem se declara juridicamente vítima, na
verdade, comporta-se como detetive e promotor, não raro com interrogatório sob
tortura psicológica ou física, ameaças claras. Desconfia da pessoa com a qual
vai continuar vivendo até não sei quando. E o pior, envolve outras pessoas que
nada tem a ver com o seu problema.
O ciúme é o pior sentimento da humanidade, como
vimos na história bíblica dos irmãos Caim e Abel, porque ele impede a
generalização do amor. Parece que uma das raízes do ciúme é a possessividade, o
pensar, sentir e comportar-se como se o outro fosse propriedade ou objeto
possuído. O que nem sempre se esclarece é que esta posse quase sempre é
recíproca. O policial manda e o bandido obedece. Está implícito que um é
propriedade do outro. Não sei como dizer de modo decente essa coisa de
subestimar um ao outro. De modo que, o ciumento é um verdadeiro senhor de escrevo
diante daquele que se diz amar. Se o amor é reciproco, há espaço para sentir
ciúmes? Como dizia o filósofo francês existencialista Jean-Paul Sartre
(1905-1980): “só existe senhor onde
existem escravos”. Aceitar que meu amor possa não estar me amando neste
momento é um alto índice de maturidade afetiva de ambos. Afirmam alguns psicanalistas
que o ciúme é uma manifestação cultural de nossa inibição de agressão. Dos
crimes passionais, nove em dez são por ciúmes. O ciúme tem tudo a ver com o
ódio. O ciumento com o seu controle, consegue afastar cada vez mais, a quem ele
diz amar. É um verdadeiro torturador do outro e de si mesmo.
Portanto, se alguém lhe disser que seu ciúme é sinal
de amor, fuja desse amor como o diabo foge da cruz. Desejar a companhia de
pessoas queridas, pedir por essas companhias, tentar prolongar os momentos
juntos, fazendo-se o mais simpático possível, tudo isso parece muito bom e
encantador. São tentativas legítimas de conservar ou conseguir o que desejo e o
que é bom para o meu corpo e minha alma. É uma tentativa de conquistar aquilo
que me é importante, e de um jeito que não afaste a pessoa da minha amizade, e
nem da nossa convivência. Contudo, no momento em que começa a restrição, começa
a agressão e o distanciamento. Quanto mais o ciumento fecha a vigilância, mais
cresce no seu companheiro o desejo de se livrar desse vigilante. Quanto mais
cresce na vítima o desejo de livrar-se, mais cresce no ciumento a necessidade
de controlar. Enfim, permitir que o comportamento do outro seja a causa do meu
desconforto emocional é de uma infantilidade absurda.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiro motivo de caim ter matado abel é muito mais complexo que imaginamos.
ResponderExcluirse observarmos o lado psicológico das profissões dos dois irmãos vamos perceber isso.
caim como agricultor deveria trabalhar muito mais que abel, que cuidava dos animais. já é uma observação para o início de um atrito, já que o CORAÇÃO de caim não estava preparado para ver seu irmão sentado em cima dos animais enquanto ele dava duro com as enxadas nas mãos. etc, etc, etc............