28 de outubro de 2017

SÁBIO ARTESÃO DO AMOR

Os amores maduros são encontrados no meio da tarde da vida. São pessoas livres, tranquilas de coração e ricas de pensamento, porque nos seus rostos dançam os sorrisos e a vontade de continuar amando. Porque às vezes o primeiro grande amor não vem na ordem certa. Nem todas as pessoas que chegaram aos 50 ou 60 anos, são capazes de construir um amor maduro, consciente e feliz. Existem muitos corações amargos que não foram capazes de fazer essa viagem interior para poder perdoar, e fazer das vivências passadas caminhos renovados para transitar com esperança. Na verdade, a maturidade pessoal não é trazida pelos anos, nem pelos danos. Mas sim pela atitude e sabedoria das emoções, onde nem todos adquiriram esta capacidade de raciocinar.

Quando a gente chega nessa idade em que as décadas já traçaram em nós mais histórias do que poderíamos contar, às vezes nos vemos como essas frutas maduras ligeiramente machucadas nos cantos. Vale lembrar, que as frutas maduras têm um sabor muito mais doce e prazeroso do que essas outra muito verdes, firmes e ligeiramente amargas. De modo que ninguém deveria ser o resultado das suas decepções, dos seus fracassos, ou menos ainda, das feridas que outros causaram. Somos nossa atitude diante de tudo que foi vivido, nunca um mero resultado.

Por isso, o amor maduro agrega ao sentimento uma dose de sabedoria para poder construir aquilo que importa de verdade, que é um presente feliz, um presente digno e apaixonado no qual se descobre um ao outro. Nenhum dos dois membros renuncia a seu passado, simplesmente são aceitos, como se aceitam as peles nuas habitadas por algumas cicatrizes, alguma ruga feita pelo tempo nesse rosto e nesse corpo perfeitamente imperfeito onde, obviamente, também não importam as décadas nem as decepções. Somente o prazer do aqui e agora.

Portanto, o amor não tem idade, porque o coração não tem rugas, porque o amor se é intenso e puro, sempre é jovem. Os amores na idade madura já conhecem o suficiente o que é estar apaixonado, por isso, o que anseiam nesta etapa da vida é uma coisa muito mais profunda e ao mesmo tempo delicada. Desejam intimidade, a cumplicidade de dois olhares que se entendem sem palavras, desfrutarem de espaços em comum, mas ao mesmo tempo respeitando a individualidade de cada um. Anseiam por um vínculo forte e nobre no qual trabalhar e investir todo dia por esse pacto implícito. O diálogo é imprescindível seja qual for o relacionamento. Quando inexiste diálogo, falta o que é mais essencial no amor. Os espíritos que realmente desejam evoluir formarão autênticas teias dialógicas. Contudo, é através do diálogo, que o sábio artesão do amor, alcançará a sua plenitude. 

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